Um estudo conduzido por cientistas britânicos sobre o efeito de anticorpos no tratamento da doença Creutzfeldt-Jakob --que afeta o cérebro-- descobriu que eles também podem bloquear a progressão do Alzheimer.
O achado, publicado na revista "Nature Communications", representa um passo significativo no desenvolvimento de drogas contra a demência.
A pesquisa foi realizada com camundongos pela University College de Londres. Ela indica que dois anticorpos --ICSM 18 e 35-- impedem a ação da toxina beta-amiloide, uma proteína que se acumula no cérebro dos doentes de Alzheimer, criando uma espécie de emaranhado que dificulta a comunicação entre as células.
Pesquisas clínicas com remédios à base dos anticorpos serão realizadas com humanos no ano que vem, para o tratamento da doença Creutzfeldt-Jakob. Em caso de sucesso, os estudos podem ser feitos com pacientes com Alzheimer.
Para a neurologista Sandra Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, "o grande problema é fazer o diagnóstico antes que a pessoa desenvolva o quadro clínico."
Brucki afirma que todas as pesquisas estão apontando para substâncias ou anticorpos que atuem antes do desenvolvimento da demência. "Estamos caminhando para fazer o diagóstico precoce, que já é possível em muitos casos."
Ela explica que hoje existe um exame chamado PET (tomografia por emissão de pósitrons), onde um marcador se liga à toxina beta-amiloide no cérebro. Mas esse teste ainda não existe no Brasil, segundo Brucki.
"Em outros lugares, ele já é usado em pesquisa, para testar novas drogas e anticorpos desenvolvidos para evitar o progressão da demência. Mas muitas das substâncias não chegam a ser testadas em pacientes. Elas morrem no meio do caminho porque têm efeitos colaterais muito importantes."
No entanto, a neurologista acredita que esse tipo de tratamento é o mais promissor.
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