Revisão de estudos mostra que a prática ocorre em todos os continentes e em quase todos os países do mundo
Embora a ideia de comer terra propositalmente pareça estranha para muita gente, a prática tem uma longa história e talvez possa mesmo ser considerada por alguns como um hábito saudável. Pelo menos é o que mostra um novo estudo norte-americano.
A análise de pesquisas já existentes sobre o tema revela que a prática de comer substâncias terrestres (como terra), também conhecida como geofagia, possivelmente proteja o organismo contra invasores patológicos – como germes e parasitas.
Há, pelo menos, milhares de anos pessoas comem terra. De acordo com Sera Young, pesquisadora da Universidade Cornell que conduziu a análise, há relatos de geofagia em todos os continentes habitados e em quase todos os países.
Mas, o que faria alguém ter vontade de comer terra? Questões nutricionais? Fome? Problemas mentais?
Para descobrir a razão, a equipe liderada por Young examinou mais de 480 relatórios culturais de geofagia, analisando em seguida padrões comuns a todos eles.
A equipe constatou que as pessoas comem terra mesmo quando a comida é abundante na região. Quanto às propriedades nutricionais da prática, a forma de terra comumente ingerida é um tipo de argila que nem mesmo contém muitos minerais. Na verdade, os pesquisadores constataram que a ingestão de argila pode mesmo impedir a absorção de nutrientes pelo aparelho digestivo.
Para os pesquisadores, a melhor resposta é que a terra protege o organismo contra parasitas e patogênicos. Eles ressaltam que a geofagia é mais comum entre mulheres no início da gravidez e em pré-adolescentes, grupos especialmente vulneráveis a parasitas e germes.
O fato da geofagia ser mais comum em países de clima tropical, onde patogênicos de origem alimentar são mais comuns, reforça tal teoria. Além disso, as pessoas costumam comer terra quando são afligidas por problemas gastrointestinais.
Os autores do estudo declararam: “Esperamos que este trabalho estimule a realização de outras pesquisas sobre o tema. E o que é mais importante, esperamos que os leitores concordem que já é hora de deixar de ver a geofagia como uma bizarra disfunção do paladar. Com estes dados, esta claro que a geofagia é um comportamento bastante difundido entre humanos e que o mesmo ocorre tanto durante estágios de vulnerabilidade da vida quanto em condições ecológicas que demandam proteção”. O estudo foi publicado na edição de junho do periódico The Quarterly Review of Biology.
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