Um grupo de pesquisadores americanos identificou um novo culpado da epidemia de obesidade nos EUA: os locais de trabalho.
Uma revisão das mudanças ocorridas no mercado de trabalho desde 1960 sugere que grande parte do ganho de peso observado nos últimos anos pode ser explicada pelo declínio da atividade física no trabalho.
Os empregos que exigiam atividade física moderada, que em 1960 respondiam por 50% dos postos no mercado, caíram para 20% nos EUA.
Os 80% restantes envolvem trabalho sedentário ou exigem atividade só leve.
O relatório mostra ainda que, em 1960, metade dos americanos tinha um trabalho que fisicamente exigente. Hoje, só um em cinco tem um nível alto de atividade no emprego.
Timothy S. Church, pesquisador do Centro Pennington de Pesquisas Biomédicas, em Baton Rouge, Louisiana, e autor principal do estudo, nota que a pesquisa não leva em conta os avanços tecnológicos que contribuem para o sedentarismo, como a internet.
Isso significa que a perda de gasto energético no emprego pode ser ainda maior do que o apontado na pesquisa.
CALORIAS
A mudança de hábitos se traduz em até 140 calorias gastas a menos por dia no trabalho, dado que corresponde ao ganho constante de peso no país nas últimas cinco décadas, diz o estudo publicado na revista "PLoS One".
A nova ênfase na atividade no trabalho representa uma mudança importante e sugere que os profissionais de saúde tenham deixado de lado um dado crucial que contribuiu para o problema do excesso de peso.
COMIDA OU EXERCÍCIO
A descoberta coloca pressão sobre as empresas, para que intensifiquem as iniciativas de saúde nos escritórios.
"Muita gente diz que o problema está só na comida. Mas os ambientes de trabalho mudaram tanto que precisamos repensar como enfrentar esse problema", disse Church.
Sua pesquisa é a primeira a estimar o gasto calórico diário que se perdeu no trabalho nos últimos 50 anos.
Durante anos, o papel da atividade física no problema da obesidade foi incerto.
Estudos já mostraram que a quantidade de atividade física em horas de lazer ficou estável nas últimas décadas, período em que a população só fez engordar.
Esse fato cria um impasse para os pesquisadores que tentam explicar a explosão de obesidade.
Em função disso, boa parte da atenção está concentrada na ascensão da fast food e do consumo de refrigerantes.
Outras pesquisas dizem que a maior adoção do transporte particular em vez do público e o aumento do tempo gasto diante da televisão têm contribuído para engordar os EUA e o mundo.
Mas nenhum desses fatores pode explicar por completo as mudanças nos padrões de ganho de peso.
"Precisamos pensar na atividade física como um conceito mais amplo do que apenas os exercícios feitos em momento de lazer", afirmou Ross C. Brownson, epidemiologista na Universidade Washington, em St. Louis.
"Eliminamos a atividade física de nossas vidas. Precisamos encontrar maneiras de reinseri-la no cotidiano, fazendo caminhadas na hora do almoço, por exemplo, e não só nos exercitando na academia."
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