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segunda-feira, 11 de julho de 2011

A decisão pela cirurgia

Saiba o que ponderar e como se preparar para uma operação

Embora todo mundo saiba, em maior ou menor grau, que nenhuma cirurgia é isenta de riscos, muita gente tende a minimizar essa realidade.

Antes de optar por se submeter a uma cirurgia, algumas ponderações precisam ser feitas com bastante cuidado e a decisão final deve ser tomada em conjunto com a equipe médica.


“O médico não deve tomar decisões sozinho. Nossa responsabilidade é dar o máximo de informações para o paciente fazer suas próprias escolhas e, às vezes, até desistir da operação”, analisa Fernando Maluf, chefe da oncologia clínica do Hospital São José.

O especialista se refere aos procedimentos cirúrgicos contra câncer de próstata. Embora bem eficientes contra a doença, eles apresentam risco de causar disfunção erétil e incontinência urinária.

“Tenho pacientes que, diante das mesmas informações, tomam decisões opostas. Uns dizem que topam qualquer coisa e querem lutar até o fim. Outros aceitam a condição e pensam na qualidade de vida, em se livrar da dor apenas”, observa Antônio Buzaid, chefe do centro de oncologia do Hospital São José.

Ortotanásia ainda é vista como sentença de morte

Se a decisão é subjetiva e delicada ao lidar com aspectos objetivos, como a presença de uma doença, imagine ao lidar com fantasias e informações conflitantes. Essa realidade é mais comum em cirurgias plásticas e bariátricas, por exemplo.

Nos dois casos, muitos pacientes depositam esperanças exacerbadas de mudança de vida ao sofrerem uma mudança na aparência. No caso das reduções de estômago, a própria classe médica tem opiniões conflitantes. Enquanto alguns cirurgiões apostam logo na operação, outros médicos preferem investir mais em dietas e medicamentos.

Veja como é feita a redução de estômago

“O preparo psicológico mostra ao paciente que ele não deve esperar milagres, e sim o que realmente a cirurgia é capaz de oferecer”, esclarece o psiquiatra Adriano Segal, especialista em transtornos alimentares.

O médico explica que é necessário um trabalho conjunto entre as especialidades médicas envolvidas antes de qualquer paciente fazer uma redução de estômago. “É preciso um curso para mostrar como será a cirurgia, tirar todas as dúvidas e acabar com as fantasias”, recomenda.

O trabalho psicológico ajuda a compreender como o paciente vê o procedimento e o que esperar dele. “O paciente precisa entender sua motivação”, ressalta Fábio Saito, cirurgião plástico da Clínica Essere e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Pós-operatório

Superados os questionamentos iniciais, é preciso planejar corretamente a fase posterior à cirurgia, quando o paciente estará em recuperação. Os médicos recomendam fornecer detalhes sobre o cotidiano profissional e pessoal para verificar se as recomendações de pós-operatório não precisarão sofrer ajustes.

Tais recomendações são elaboradas considerando, entre outras coisas, o que é mais comum na vida e no trabalho das pessoas. Uma cirurgia na face, por exemplo, exige uma recuperação de dez dias, período no qual as manchas avermelhadas ou escuras estão mais evidentes. “Mas se o paciente tem contato direto com o público, pode ser preciso um tempo de afastamento maior”, afirma Saito.

Outro procedimento bastante comum e com pós-operatório simples é o implante de silicone nos seios. Apesar da recuperação rápida, a mulher terá o movimento dos braços limitado e poderá sentir dor mexê-los demais. Isso é ruim e limitante, aponta o médico, para quem requer muito dos braços no dia a dia.

O cirurgião plástico revela que o pós-operatório tem entre as reclamações mais frequentes as queixas por ansiedade. “O paciente deseja um resultado imediato, por isso precisa ser informado antes sobre o tempo de recuperação e sobre equimoses (roxos), edema (inchaço), dor e cicatrizes”, diz.

Complicações e anestesia

Toda cirurgia, por mais simples que seja, tem seus riscos. E a grande maioria dos cirurgiões faz questão de ressaltar isso. “É preciso verificar o histórico do paciente, como a presença de apneia do sono ou qualquer outro problema, ao planejar uma cirurgia”, aponta o cirurgião Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

Saito destaca que todo paciente deve informar seus antecedentes de alergias, tabagismo, uso de medicações e drogas ilícitas. Até medicamentos fitoterápicos precisam ser reportados ao médico e na hora de fazer qualquer check up antes da cirurgia. Embora tais medicamentos sejam naturais, eles podem interferir no resultado de exames e na eficácia de cirurgias.


Até a anestesia deve ser discutida antes da cirurgia. Junto ao anestesista, paciente e médico devem discutir quais procedimentos serão adotados e quais devem ser evitados. “Se o paciente apresenta grandes desvios de coluna, por exemplo, isso pode tornar mais dificil a realização de anestesia peridural, mas não inviabiliza a anestesia geral”, exemplifica Saito.

Contudo, alguns pacientes não se sentem confortáveis com a ideia de uma anestesia geral. “O desejo do paciente vai influenciar na decisão por anestesia local, sedação ou anestesia geral, além de suas condições gerais de saúde”, afirma. “A avaliação individualizada permite uma programação específica de cirurgia, que minimiza os riscos”, completa o médico.

Fonte IG

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