O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares (ADH), Pedro Lopes, defendeu esta segunda-feira que o Estado tem capacidade para gerir a sua rede hospitalar, não necessitando de delegar a gestão de alguns hospitais a outras organizações.
Líder dos administradores hospitalares critica o facto de os blocos operatórios no SNS não funcionarem a partir das 13h00
"Essa visão de que o Estado não consegue fazer ou não faz tão bem é uma visão que eu não comungo e que a minha associação não comunga de forma nenhuma", disse Pedro Lopes à Lusa, comentando declarações do Presidente da República.
Aníbal Cavaco Silva afirmou no sábado que "se o Estado não tem capacidade, deve delegar a outras organizações" os cuidados de saúde.
"Não percebo porque é que se diz que o Estado não tem capacidade para. O que tem é que haver mais investimento no Estado. Em vez de se estar a investir, que é isso que o Estado está a fazer neste momento, em instituições que não são públicas, enviando doentes para instituições privadas para fazerem e para serem prestados serviços que o Estado pode prestar", sublinhou Pedro Lopes.
Segundo o presidente da associação, o que "o Estado tem é que investir mais na saúde" e deixar de "enviar os seus doentes para as redes privadas, misericórdias, hospitais privados e clínicas privadas".
"O grande problema é que o Estado a partir da 13h00 praticamente tem os seus blocos fechados e envia doentes para os blocos privados, que trabalham no período da tarde. A minha pergunta é porque é que os blocos operatórios dos hospitais estaduais não fazem esse serviço e estão fechados quando têm toda a capacidade instalada para o fazer", questionou Pedro Lopes.
A solução, segundo Pedro Lopes, passa por uma "reengenharia" dos horários dos profissionais que poderiam "funcionar mais no período da tarde a tempo inteiro, para não falar em dedicação exclusiva", nos hospitais públicos.
"Há algumas experiências, alguns hospitais em que isso acontece e os resultados são bons. São excelentes e com espaços onde não há listas de espera", salientou.
Sobre a passagem da gestão de alguns hospitais para a União das Misericórdias, o presidente da Associação considerou não existir qualquer obstáculo a que isso aconteça desde que seja mantida a qualidade do serviço.
"Há hospitais da rede que prestam serviços de diferenciação e não sei se essa instituição misericórdia tem capacidade e se tem vontade e se quer preparar para ser mais competitiva nesta área mais diferenciada. O que não pode é haver baixa na qualidade dos serviços", concluiu.
Fonte Correio da Manhã
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