Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) revela que ocorreram mais 12.430 mortes do que o esperado ao fim de semana e à noite, ou seja 27% dos óbitos nos hospitais públicos do Continente em 2009.
De acordo com o estudo, a que a agência Lusa teve acesso, o total de óbitos em excesso ao fim de semana foi de 5.998, o que representa cerca de 13% do total de óbitos hospitalares ocorridos em 2009.
Este valor, embora significativo, representa uma ligeira melhoria em relação ao analisado em 2006, quando o total de óbitos em excesso no fim-de-semana representava cerca de 16% do total de óbitos.
O estudo da ENSP mostra que no período da noite existe em todos os dias da semana um excesso de mortes observadas em relação ao esperado, representando um total de 8.800 no período da noite e com valores que oscilam entre um mínimo ao domingo (1.177) e um máximo na quinta-feira (1.316).
“Quando estamos a comparar valores observados com esperados, estamos a ter em conta tanto as diferentes taxas de mortalidade entre doenças, como também as diferentes situações do doente, sobretudo a gravidade da situação do doente", disse Carlos Costa, professor da ENSP, explicando que a técnica estatística utilizada se chama “ajustamento por risco”.
Carlos Costa, responsável pelo estudo, sublinhou que “em termos estatísticos o número total de óbitos esperados é igual ao número total de óbitos observados”.
“É técnica estatística. Eles distribuem-se de forma diferente por doente, de forma diferente por hospital e de forma diferente por dia de semana", prosseguiu.
O estudo, que engloba 57 hospitais ou centros hospitalares públicos, sublinha que nos períodos da manhã e da tarde, embora existam menos mortes observadas que as esperadas durante a semana, se observa um comportamento distinto ao fim de semana, com um excesso de 1.738 mortes da manhã e de 1.892 mortes à tarde.
Carlos Costa defendeu que como “acontece em quase todas as doenças com mortalidade significativa e em quase todos os hospitais pode ser considerado um fenómeno estrutural”.
“Se é um fenómeno estrutural, muito provavelmente a oferta não está devidamente organizada em relação aos problemas da procura”, disse o professor da ENSP.
Assim, segundo Carlos Costa, terá de “haver um reforço das equipas, tanto à noite como ao fim de semana. Tanto em termos de quantidade como também, sobretudo, em termos de experiência dos profissionais”.
O texto do estudo chama a atenção para o facto de em alguns hospitais a melhor distribuição dos profissionais, poder ser mais facilmente atingível com a criação de centros hospitalares.
Em relação ao estudo publicado em 2008, mas respeitando a episódios de internamento de 2006, os resultados apresentados neste estudo comparam a mortalidade por dia da semana e por período do dia: noite (00:00 até 07:59), manhã (08:00 até 15:59) e tarde (16:00 até 23:59).
Fonte Destak
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