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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pesquisadora defende campanha nacional de vacinação contra o HPV


Rio de Janeiro - A imunização contra HPV (papilomavírus humano) precisa ser oferecida na rede pública de saúde no Brasil, com ampla cobertura especialmente para mulheres, como forma de prevenir a ocorrência de lesões genitais e do câncer de colo de útero. A avaliação é da pesquisadora Luisa Villa Lina, do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre Câncer. Ela participou ontem (6), no Rio de Janeiro, do Congresso Mundial de Colposcopia e Patologia Cervical.

Na América Latina, Peru e o México saíram na frente e já aplicam no sistema público a vacina bivalente, que protege pelo menos contra os tipos 16 e 18 do HPV, que estão relacionados a lesões precursoras do câncer de colo de útero e ao tumor propriamente dito, de acordo com Luisa. No Brasil, a vacina só está disponível na rede privada.

“Gostaria muito que o Brasil tivesse sido pioneiro nessa questão, mas por aqui o governo hesitou um pouco. No México, por exemplo, o programa de vacinação é voltado especialmente para as mulheres jovens que vivem nas regiões mais pobres, o que ajuda a reduzir o grave problema da região, que é o câncer de colo de útero”, disse a pesquisadora.

Segundo Luisa, a dose conhecida como quadrivalente, que também protege contra as verrugas genitais provocadas pelos tipos 6 e 11 do HPV, é ainda mais eficiente que a vacina bivalente. Nesse caso, a especialista defende que a imunização também seja estendida aos homens. Além de ter a possibilidade de desenvolver tumores de pênis e de ânus, eles são considerados o principal vetor de muitas das lesões causadas pela doença.

A pesquisadora citou ainda o exemplo da Austrália, que aplica desde 2007 a vacina quadrivalente em mulheres. Segundo ela, os resultados são notados também em homens. “O que se observa é a redução de 70% nas ocorrências de verrugas genitais entre a população feminina e de 30% entre os homens. Eles se beneficiam por imunidade de grupo, porque se há altas taxas de cobertura em mulheres, os homens têm menos chance de serem contaminados, já que vão se relacionar com boa parte dessas mulheres já vacinadas.”

A especialista em HPV destacou que o ideal é que a vacinação ocorra antes do início da vida sexual, mas ressaltou que pesquisas recentes têm apontado que, mesmo após a exposição ao vírus, homens e mulheres que recebem as doses têm menos chances de contrair novas infecções e de desenvolver câncer.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o governo brasileiro criou um comitê de acompanhamento da vacina, formado por representantes de diversas instituições ligadas à saúde e liderado pelo próprio Inca, para avaliar periodicamente se é oportuno recomendar a vacinação em larga escala no país.

Até o momento, o comitê decidiu pela não incorporação da vacina contra o HPV no Programa Nacional de Imunizações, porque ainda há muitas dúvidas sobre a eficácia e o impacto dessa nova tecnologia para a política de atenção oncológica no país.

Segundo o Ministério da Saúde, embora a vacina não esteja disponível na rede pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece exames gratuitos à população para detecção do vírus, como o papanicolau, um exame preventivo que permite ao médico identificar lesões antes da formação do câncer de colo do útero e dar início ao tratamento.

O HPV é transmitido pelo contato genital com a pessoa infectada e da mãe para filho, por via sanguínea, na hora do parto. O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência da doença, que atinge principalmente mulheres entre 15 e 25 anos. A cada ano são registrados mais de 18 mil casos no país, que provocam 4,8 mil mortes por câncer de colo de útero.

Fonte Agência Brasil

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