Leptospirose e hepatite A estão entre as doenças mais comuns
Durante a estação das chuvas não dá nem para seguir à risca o ditado popular "quem está na chuva é para se molhar", que o organismo já levanta a bandeira vermelha. Fora todos os contratempos, as chuvas e enchentes podem ser extremamente perigosas para a saúde.
Para se prevenir é simples. Ande sempre com sapatos fechados e munido de guarda-chuvas. Evite pisar em poças de água, especialmente aquelas que estão próximas aos bueiros que contém sujeira, urina de ratos e lixo. Além disso, redobre os cuidados com a água, que você bebe. "A recomendação é que só se faça o consumo de água tratada (filtrada, fervida ou mineral engarrafada)", explica o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp. Os alimentos, como frutas e legumes, também precisam ser muito bem lavados com água de boa qualidade.
A seguir, confira a lista com as doenças mais comuns das chuvas e saiba como reconhecê-las e quais cuidados devem ser tomados.
A gastroenterocolite aguda é uma infecção do sistema digestivo (estômago, intestino delgado e grosso), geralmente causada por um vírus. É o que costumamos chamar popularmente de "virose". De acordo com o infectologista Alexandre Naime Barbosa, da Unesp, a principal via de transmissão é o consumo de água contaminada ou de alimentos mal lavados ou mal cozidos, que estiveram em contato água contaminada com fezes. "A via mais comum, portanto, é oral-fecal", afirma o especialista.
A doença tem sintomas como vômito, diarreia e, às vezes, pode ocorrer febre. O próprio vômito e a diarreia ajudam a "limpar" o organismo. Nesses casos, o melhor tratamento é se hidratar e comer aqueles alimentos que não vão estimular o intestino ainda mais. A dieta recomendada deve incluir itens como arroz bem cozido, purê de batata, bolacha água e sal, peito de frango desfiado e um pouco de carne moída.
A leptospirose é causada por uma bactéria, a Leptospira interrogans, que penetra ativamente na pele. "O rato é o agente transmissor da doença, cujo contágio é feito pelo contato com a urina desse animal. Por isso, a situação se torna bastante comum em temporadas de chuvas e enchentes", explica o infectologista Alexandre Barbosa, membro titular da Sociedade Brasileira de Infectologia.
A doença é grave e tem alto índice de mortalidade. "A cada dez pessoas que contraem a doença, duas morrem", segundo o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp.
O infectologista e chefe da disciplina de Clínica Médica da Unifesp, Paulo Olzon Paulo Olzon cita como sintomas da doença a febre alta, as dores pelo corpo, infecções na panturrilha e, depois de três dias, os olhos costumam ficar amarelados (icterícia). É importante procurar um médico assim que os primeiros sintomas se manifestarem.
Segundo o infectologista da Unesp, Alexandre Barbosa, a hepatite A é causada por um vírus e também tem transmissão oral-fecal por causa do consumo de água ou alimentos contaminados, situação frequente nesse período chuvoso. Os principais sintomas são cansaço, olhos amarelados e perda de apetite. A hepatite A é curável, mas precisa de acompanhamento médico.
Febre tifoide
O especialista Alexandre Barbosa explica que a febre tifoide é causada por uma bactéria, a Salmonella typhi. A transmissão é oral-fecal pelo consumo de líquidos e alimentos contaminados. Entretanto, ela pode, em alguns casos, ser adquirida pelo contato com a pessoa infectada, pelo beijo.
De acordo com o infectologista da Unifesp, Paulo Olzon, a febre tifoide provoca em algumas pessoas inflamações em forma de úlceras no aparelho digestivo e pode ser tratada com antibióticos. "A doença tem tratamento e cura, portanto a pessoa com algum desses sintomas deve procurar ajuda de um especialista o mais rápido possível", reforça ele.
Infecções virais (enterovírus)
No período de chuvas, é comum que as pessoas tenham mais contato com as águas dos rios, córregos, piscinas, e também das enchentes. Essas águas podem conter dejetos de esgotos, contaminados com fezes, ou outras substâncias como a urina de animais.
Essas infecções provocam sintomas como diarreia e vômito. "Como no caso da gastroenterocolite, o melhor tratamento é a hidratação e a alimentação apropriada para quem está com diarreia", explica o infectologista Paulo Olzon. A recomendação é que só se faça o consumo de água tratada (filtrada, fervida ou mineral engarrafada) .
Dengue
A dengue é uma das doenças que ganha mais força nessa época do ano. A estação traz consigo chuva, umidade e calor, ambiente perfeito para a procriação do mosquito Aedes aegypti. A doença é transmitida pela picada do mosquito que está infectado com o vírus transmissor da doença.
Como medida preventiva deve-se evitar manter água parada em qualquer recipiente. Com as chuvas constantes, é preciso atenção para ver que locais estão acumulando água, como garrafas, vasos de plantas e pneus. Também é importante o uso de repelentes e mosquiteiros para evitar o contato com o mosquito.
É importante ficar atento aos sintomas da dengue, muito semelhantes a de uma simples gripe. A pessoa infectada tem febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjoos, vômitos, manchas vermelhas na pele e dor abdominal (principalmente as crianças).
No caso da dengue hemorrágica, após o terceiro ou quarto dia, começam hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.
Micoses
De acordo com o infectologista da Unesp, Alexandre Barbosa, as micoses de pele são mais comuns nos meses chuvosos de verão por dois motivos: essa infecção pode ser transmitida pelo contato com água contaminada, e também porque o calor e a umidade excessiva da pele favorecem o crescimento dos fungos, principalmente em regiões de dobras, como por exemplo, na virilha ou entre os dedos do pé.
Os sintomas mais comuns são manchas mais claras ou avermelhadas na pele, como coceira e descamação. "Assim como em outras doenças, a pessoa deve evitar a todo custo a automedicação, e procurar atendimento médico, pois há várias espécies de fungos causadoras de micoses de pele, e é necessário um diagnóstico correto para o tratamento adequado", adverte o especialista.
Medidas gerais como manter a pele e regiões das dobras bem secas, evitar o uso de roupas apertadas, molhadas e de tecidos sintéticos, que impedem a circulação do ar e aumentam a umidade, ajudam a evitar o surgimento dessas infecções. Portanto, se for pego por uma chuva e ficar com os pés encharcados, nada de ficar com o calçado e meias molhados o dia inteiro. O melhor é retirar o calçado e secar os pés para evitar as micoses.
Fonte Minha Vida
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