O vírus infecta uma proteína da traqueia e é expelido pela tosse, facilitando o contágio
Pesquisadores da Clinica Mayo, nos Estados unidos, descobriram por que o sarampo, talvez doença viral mais contagiosa do mundo, se espalha tão rapidamente: ele infecta uma proteína presente em células da traqueia, e depois vai para a garganta do hospedeiro. A tosse da vítima despeja milhares de partículas prontas para contaminar outra pessoa. O achado, publicado no periódico científico Nature nesta quarta-feira, 2, também abre caminho para novas terapias contra tumores, usando vírus para combater o câncer.
"O vírus do sarampo desenvolveu uma estratégia diabólica", explica Roberto Cattaneo, líder do trabalho. "Primeiro ele ataca as células do sistema imunológico que patrulham os pulmões para entrar no hospedeiro. Depois viaja dentro de outras células imunológicas pelo corpo todo. As células infectadas entregam essa carga especificamente a células que expressam a proteína nectin-4, o novo receptor, que estão localizadas na traqueia. Assim, o vírus emerge do hospedeiro exatamente onde o contágio é facilitado."
Os autores também comemoram outro aspecto da pesquisa: a proteína nectin-4 é um marcador de vários tipos de tumores, como o de ovário, mama e pulmão. Já estão em andamento pesquisas que utilizam o vírus do sarampo para atacar câncer.
Como o sarampo ativa alvos dessa proteína, uma terapia baseada nesse vírus poderá ser bem sucedida em pacientes com tumores que expressam a proteína nectin-4. Muitos pesquisadores acreditam que vírus modificados podem ser uma alternativa menos tóxica à quimioterapia e radioterapia.
Apesar do desenvolvimento da vacina, o vírus continua a afetar mais de 10 milhões de crianças a cada ano, matando cerca de 120 mil no mundo inteiro. Nos últimos anos, o contágio tem aumentado nas pessoas não vacinadas, e o sarampo continua sendo um problema de saúde pública nos Estados Unidos.
Fonte Estadão
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