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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Incidência de hanseníase é subnotificada, diz especialista

Pesquisadora da doença afirma que estatística não leva em conta pacientes sem diagnóstico ou que largaram o tratamento

Os números da hanseníase no Brasil, divulgados anteontem pelo Ministério da Saúde, representam um avanço considerável no combate à doença, mas não refletem a realidade, na avaliação da médica Leontina da Conceição Margarido, ex-coordenadora do Núcleo Multidisciplinar de Hansenologia do Hospital das Clínicas e professora de dermatologia da Universidade de São Paulo (USP).

"Esses números são a ponta de um iceberg, porque não incluem a endemia oculta, os doentes não diagnosticados e aqueles que abandonaram o tratamento, que estão fora das estatísticas oficiais", disse Leontina.

Em sua opinião, a busca ativa, que consiste em procurar os doentes desconhecidos, com equipes qualificadas, é o caminho que levaria à construção de um mapa confiável da situação da hanseníase no País.

Atualmente, os serviços públicos de saúde e os consultórios particulares dependem da apresentação espontânea (busca passiva) dos doentes para diagnosticar a hanseníase. É, quase sempre, um diagnóstico tardio, porque a doença está então em estágio avançado.

Pior: na maioria dos casos, os médicos não estão capacitados para reconhecer a doença e iniciar o tratamento. Os sintomas de hanseníase costumam ser confundidos com os de outras doenças.

"Um paciente meu, por sinal também médico, que se queixava de dor no braço foi operado do coração, porque se diagnosticou enfarto", disse Leontina. Só se descobriu a hanseníase depois de nove anos, porque a dor continuava e apareceram sinais da doença (atrofia dos músculos e dor neural) no corpo.

No Hospital das Clínicas, houve pacientes que precisaram passar por sete ou oito especialistas durante anos para saber que eram hansenianos.

Leontina propõe que os Ministérios da Educação e da Saúde imponham um currículo mínimo que qualifique os estudantes de Medicina, tornando-os capazes de identificar a hanseníase.

"É preciso que todo egresso de escolas da área de saúde saiba diagnosticar os maiores problemas brasileiros, em especial as doenças que acometem vários órgãos e sistemas, como as infecciosas (leishmaniose e blastomicose, por exemplo), as infectocontagiosas (tuberculose, sífilis e moléstia de Hansen), tumores e doenças cardiovasculares", afirma a dermatologista.

Diagnóstico
Na busca ativa de doentes, equipes do Núcleo Multidisciplinar de Hansenologia do HC descobriram que cerca de 6,5% de um total de aproximadamente 3,5 mil pessoas examinadas em Heliópolis, Brasilândia, Vila Penteado, Jardim Fontális e outras comunidades carentes de São Paulo têm a doença. Expedição do grupo ao Norte e ao Nordeste diagnosticou 34% de doentes na população do Rio Tapajós.

Na busca ativa, a maioria está na fase inicial, com a vantagem de se impedir a sequela e a evolução para o grupo contagiante da doença, que forma a maior parte dos doentes brasileiros.

Fonte Estadão

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