É fácil explicar a popularidade dos preenchedores faciais e da toxina botulínica (o famoso botox): a aplicação é simples --só uma injeção-- e o resultado é rápido.
Mas não é porque dispensam cortes que esses tratamentos são isentos de risco. Tanto que os médicos já têm técnicas específicas para corrigir problemas causados por esses produtos.
De acordo com a cirurgiã plástica Eliza Minami, que falou sobre as possíveis complicações no Simpósio de Rejuvenescimento realizado neste mês no Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, os campeões de problemas são os preenchedores definitivos, como silicone líquido e o polimetilmetacrilato.
Nenhum dos dois é recomendado para uso estético. Mas esses produtos ainda são usados sem critério, segundo o cirurgião plástico Carlos Alberto Jaimovich. "A promessa é uma plástica sem cortes, mas, quando aparecem os problemas, não dá para corrigir sem cirurgia."
Minami explica que as complicações mais comuns são a formação de granulomas, nódulos que sofrem inflamações recorrentes. O produto também pode endurecer ou migrar para outras regiões do corpo.
Preenchedores temporários, como o ácido hialurônico --o mais usado hoje-- também podem causar transtornos, mesmo sendo os mais seguros do mercado. Seu efeito tem duração máxima de dois anos. A desvantagem para é ter de reaplicar com certa frequência. A vantagem é que se o resultado não for o esperado ou houver complicação, pode-se reverter o efeito.
Segundo a Bogdana Kadunc, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a complicação mais temida é a necrose de tecidos.
"Se a pessoa que está aplicando não conhece a anatomia, a vascularização, existem efeitos trágicos."
Nesses casos, é preciso aplicar medidas emergenciais, como uso de vasodilatadores e, no caso do ácido hialurônico, a enzima hialuronidase, que leva à degradação e à absorção do produto.
A enzima também pode ser usada caso o efeito estético do preenchedor não seja o esperado ou em caso de reações que causem inchaço, como aconteceu com a fisioterapeuta Fernanda Soto, 34, que recebeu uma aplicação de ácido hialurônico no rosto para reduzir as olheiras.
"Tive uma espécie de alergia e fiquei com um edema por um bom tempo do lado direito." Com drenagem linfática e aplicação de enzima, ela acabou com o problema.
O comportamento das pacientes é apontado pela cirurgiã Alessandra Haddad como motivo para resultados indesejados. Ela diz que algumas não esperam o resultado da aplicação de ácido hialurônico passar antes de fazer outra. "Isso vai deixando as pessoas deformadas, porque o segundo médico não sabe como era a forma anterior."
A toxina botulínica, que reduz as marcas de expressão cortando a comunicação das terminações nervosas com os músculos, também pode causar problemas. O pior, segundo os especialistas, é a "pálpebra caída". Outros efeitos são as "bunny lines" (marcas nas laterais do nariz) e a sobrancelha levantada.
Nos dois últimos casos, diz a oftalmologista Midori Osaki, é possível fazer uma correção rápida com novas aplicações da própria toxina.
"O certo é procurar um médico que tenha feito treinamento, residência", diz José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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