Medicamento desponta como uma opção à terapia de reposição hormonal
Nova pesquisa mostra que o antidepressivo escitalopram pode reduzir a frequência e a severidade das ondas de calor da menopausa.
No início do estudo, as participantes sofriam aproximadamente 10 ondas de calor ao longo do dia, mas tais sensações foram reduzidas quase que pela metade no grupo de mulheres que usou o antidepressivo. O grupo-controle que se tratou com placebo apresentou cerca de 6,5 ondas de calor ao dia.
“Embora as ondas de calor sejam normalmente tratadas com hormônios, tratamento que se mostra eficaz, esta é uma opção para as mulheres que não querem correr os riscos potenciais da reposição hormonal”, disse Ellen Freeman, professora e pesquisadora do departamento de obstetrícia e ginecologia da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia e principal autora do estudo.
“Constatamos que, após oito semanas de tratamento com o escitalopram, as participantes apresentavam menor frequência das ondas de calor quando comparadas ao grupo-controle com placebo”, ela complementou.
Os resultados do estudo, financiados pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, foram publicados na edição de janeiro da revista da Associação Médica Americana.
A reposição hormonal é o tratamento geralmente usado para aliviar as ondas de calor que fazem parte da menopausa. Porém, quando um estudo de 2002 da Iniciativa de Saúde da Mulher relatou que a terapia hormonal apresentava riscos, muitas mulheres decidiram que os benefícios não compensavam os possíveis danos.
Desde a descoberta, especialistas conseguiram identificar quais mulheres podem correr maiores riscos com a terapia hormonal e aquelas para quem os hormônios são uma opção.
“Para algumas mulheres, a reposição hormonal com estrógeno em curto prazo pode ainda ser uma opção viável. Neste caso, usamos dosagens mais baixas durante o período de tempo mais curto possível”, explicou a Dra. Judi Chervenak, endocrinologista especialista em reprodução da Montefiore Medical Center de Nova York.
“Mas, em mulheres para quem os hormônios não são uma opção, ou para aquelas que não querem tomar hormônios, os antidepressivos do tipo ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) são outra opção”, disse Chervenak.
Os ISRSs são medicamentos aprovados pelo FDA para o tratamento da depressão, mas os médicos muitas vezes os prescrevem para outros usos ainda não aprovados pelo órgão, tais como o tratamento de dores ou – como no estudo – para o alívio das ondas de calor. Dentre os ISRSs estão o citalopram, o escitalopram, a paroxetina, a fluoxetina e a sertralina.
Segundo informações do FDA, a versão genérica do escitalopram ainda não está disponível no mercado americano. O custo do suprimento mensal do medicamento é variável, mas a dose diária de 20 miligramas é de aproximadamente US$110 para 30 dias.
Participaram do estudo 205 mulheres entre os 40 e os 62 anos de idade, que estavam ou no início da menopausa ou na pós-menopausa há um ano. Para participarem do estudo, as mulheres deveriam apresentar, semanalmente, um mínimo de 28 ondas de calor – classificadas como incômodas ou severas. A maioria das participantes apresentava mais do que isso.
Durante oito semanas, as mulheres foram designadas, aleatoriamente, para receber ou o escitalopram (entre 10 e 20 miligramas ao dia) ou as pílulas de placebo.
Os pesquisadores constataram que 55% das mulheres sob uso do escitalopram relataram uma diminuição de pelo menos 50% na frequência das ondas de calor, comparadas aos 36% das que receberam placebo. O grupo sob uso do escitalopram também relatou a ocorrência de ondas de calor mais brandas.
Os pesquisadores observaram que, após três semanas de interrupção da medicação, as mulheres sob uso do escitalopram tiveram um aumento de 1,5 ondas de calor ao dia.
Freeman diz que os efeitos colaterais foram mínimos. Apenas 4% das mulheres sob uso do escitalopram abandonaram o estudo devido aos efeitos colaterais.
A especialista diz que ainda não se sabe exatamente como o escitalopram ajuda a aliviar as ondas de calor – que também são de causa desconhecida, ela ressaltou. “Estas sensações são tão incômodas para tantas mulheres que qualquer nova opção é bem-vinda. Este não é um tratamento definitivo, mas é uma opção que temos a oferecer a estas pacientes”, disse Chervenak.
Ela complementou que, para as mulheres que não quiserem tomar o medicamento, uma das melhores maneiras de reduzir as ondas de calor é fazendo um boletim diário dos sintomas para tentar encontrar a causa destas sensações e tentar evitá-las. Ela conta que muitas mulheres, por exemplo, sofrem uma onda de calor depois de tomarem vinho tinto. Outros disparadores do desconforto são a cafeína, o chocolate, as comidas condimentadas e as situações estressantes
Fonte Delas
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