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sexta-feira, 27 de abril de 2012

O que provoca ondas de calor, afinal?

Estudo sugere que esse desconforto da menopausa é provocado por algo mais do que a queda nos níveis hormonais

Milhões de mulheres de meia-idade convivem com aqueles rubores intensos e repentinos, acompanhados de suor, conhecidos como as ondas de calor da menopausa.

Desde sempre se atribuiu a origem desses calores à queda dos níveis hormonais que acompanha a menopausa, mas especialistas reconhecem que muito pouco se sabe sobre o que realmente faz com que eles surjam, ou o que ocorre no organismo das mulheres quando estão enfrentando uma onda de calor.

“Cerca de 70% das mulheres sente as ondas de calor, mas a fisiologia desse fenômeno ainda não é bem compreendida”, diz Rebecca Thurston, professora-assistente de Psicologia, Psiquiatria e Epidemiologia da Universidade de Pittsburgh (EUA).

Um novo estudo realizado por Thurston e seus colegas tentou explicar justamente isso. Os pesquisadores pediram a 21 mulheres na perimenopausa e na pós-menopausa, todas entre 40 e 60 anos e que relataram ter ondas de calor diárias, para usarem um monitor cardíaco durante um período de 24 horas. A perimenopausa é o tempo que antecede a menopausa, quando os ovários produzem menos estrógeno, mas uma mulher ainda menstrua.

O monitor cardíaco mostrou que durante uma onda de calor, a variabilidade da frequência cardíca – uma medida batida a batida das alterações no ritmo cardíaco – diminuiu significativamente, sinal de que o sistema nervoso parassimpático não estava funcionando tão bem como normalmente faz.

O sistema nervoso parassimpático é faz parte do sistema nervoso autônomo, que regula as funções corporais inconscientes, tais como as frequências cardíaca e respiratória. Enquanto o sistema nervoso simpático regula a reação de luta ou fuga, o sistema nervoso parassimpático está envolvido com “descanso e restauração”, ou seja, é trabalho dele regular o corpo quando em repouso, explica a pesquisadora.

Outras pesquisas já haviam encontrado uma associação entre doenças cardiovasculares e diminuição do controle do sistema nervoso parassimpático do coração . Enquanto os pesquisadores dizem que é demasiado cedo para concluir que as ondas de calor têm uma conexão com doenças do coração, vale a pena continuar a estudá-los, diz Thurston.

“Houve uma redução transitória da atividade desse sistema durante a onda de calor, mas a boa notícia é que ele volta ao normal”, acrescenta Thurston. A pesquisa está na edição deste mês do periódico científico Menopause.

Para algo que é tão comum, os especialistas dizem que é surpreendente quão pouco se sabe sobre as ondas de calor da menopausa. O que se sabe é que elas podem variar em frequência, gravidade e duração. Algumas mulheres podem ter apenas algumas ondas de calor, enquanto outras experimentam múltiplas ondas por dia durante anos.

As ondas de calor são uma das queixas mais comuns das mulheres quando vão ao médico, dizem especialistas. Elas podem prejudicar a qualidade de vida, o sono e levar a sentimentos de tristeza e até depressão, de acordo com informações divulgadas no estudo. Outras pesquisas têm indicado que ondas de calor estão associadas a efeitos adversos à saúde, incluindo doenças do coração e baixa densidade óssea, uma condição que pode levar à osteoporose.

Especificamente, os estudos descobriram que as mulheres que têm ondas de calor são mais propensas a ter sinais de aterosclerose precoce (também chamado de endurecimento das artérias), tais como placas calcificadas na aorta do coração, explica Thurston.

“As mulheres simplesmente não precisam sofrer com eles”, diz Margery Gass, diretor-executivo da Sociedade Norte-Americana de Menopausa.

O tratamento mais eficaz para ondas de calor é a terapia hormonal, geralmente estrogênio e progestina, explica Gass. No entanto, porque a terapia hormonal traz alguns riscos – incluindo o aumento do risco de certos cânceres, como o de endométrio – as mulheres só devem usar hormônios, se estiverem realmente incomodadas com as ondas de calor, e devem permanecer usando somente enquanto precisam, defende Gass.

Outra opção de tratamento são os inibidores selectivos da recaptação da serotonina, ou ISRS – uma classe de medicamentos comumente usada no tratamento da depressão ou da ansiedade. Mas os medicamentos não funcionam tão bem como os hormônios para a maioria das mulheres, diz Thurston.

Mudanças no estilo de vida também podem ajudar, sugere Gass. Na medida em que as pessoas envelhecem, a “zona termoneutra” – a temperatura na qual elas não sentem muito calor e nem muito frio – encolhe.

Um pequeno aumento na temperatura corporal pode provocar ondas de calor em algumas mulheres. Então, evite ficar superaquecida, adverte Gass. Traga um ventilador para trabalhar e ligue-o se sentir que está ficando calor. Use roupas em camadas de modo que possa ir “descascando” as camadas quando necessário. À noite, durma com um cobertor leve e com uma perna descoberta, e evite edredons.

Com o tempo, as ondas de calor diminuem, e geralmente desaparecem totalmente, diz Gass.

“O curso natural das ondas de calor é ficarem mais suaves e menos frequentes ao longo do tempo. E para a maioria das mulheres, elas desaparecem por completo”, afirma o médico.

“Algumas podem ter ondas de calor ocasionais para sempre, mas geralmente elas são administráveis.”

Fonte Delas

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