Doença crônica silenciosa, hipertensão pode levar à morte por infarto e AVC
Caracterizada pelo aumento sustentado da pressão arterial, a hipertensão pode levar à morte por consequência de complicações renais, infarto ou derrame. Como os sintomas são silenciosos, muita gente só descobre que tem o problema quando ocorre um episódio como esse.
— É comum a pessoa ser hipertensa e não saber, por isso esse tipo de campanha é importante, pois estimula as pessoas a verificarem a pressão arterial — destaca o cardiologista Sérgio Vasconcelos Dornelles, mencionando o Dia Nacional de Combate à Hipertensão, lembrado nesta quinta-feira, 26 de abril.
Dornelles explica que a hipertensão não se caracteriza por um episódio isolado de pressão elevada.
— Trata-se de um aumento sustentado, onde a pessoa tem pressão alta por uma porcentagem significativa das 24 horas do dia — esclarece.
Para confirmar o diagnóstico, pode ser feito um monitoramento com aparelho 24 horas no braço do paciente. Foi o que ocorreu com a professora aposentada Marisa Cohen, 68 anos. Cuidando do marido adoentado, frequentemente sua pressão arterial chegava perto dos 21.
— Era nervosismo. Depois que me acalmei, minha pressão continuou um pouco elevada, mas não tanto. Mesmo assim, faz três anos que tomo dois remédios para pressão alta — conta Marisa.
Além do uso continuado de medicamentos, o estilo de vida também tem interferência sobre a redução dos níveis de pressão: sedentarismo, consumo excessivo de sal, estresse e tabagismo são alguns dos fatores de risco mencionados por Dornelles. Histórico familiar de hipertensão é outro agravante, conforme o médico.
Pesquisa estimula mudança de estilo de vida em hipertensos
Um estudo coordenado pelos pesquisadores Flávio e Sandra Fuchs, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, envolve 24 centros de todo o país em testes com medicamentos para o tratamento da hipertensão. Numa primeira fase do estudo, no entanto, os voluntários são estimulados a mudar seu estilo de vida para manter o níveis de pressão arterial dentro da normalidade, sem a necessidade do uso continuado de medicamentos.
— Reduzir o peso, praticar exercícios físicos e diminuir o consumo de sal, principalmente em produtos industrializados, são algumas das medidas, mas nem sempre a pessoa consegue ter esta atitude — comenta Flávio Fuchs.
Quando os voluntários são selecionados para fazer parte da pesquisa, passam por um período de três meses somente no estágio da mudança de hábitos. Recebem orientações sobre estilo de vida saudável: dieta, atividade física, cessação de tabagismo e moderação no consumo de bebidas alcoólicas. Se a pressão se mantiver alterada após essas orientações, eles passam para a segunda fase, com acompanhamento durante 18 meses.
Por sorteio, os voluntários são divididos em dois grupos: um usa o medicamento mais conhecido no mercado para o tratamento da hipertensão, e outro usa um remédio que está ingressando na indústria. O objetivo é comparar a segurança dos medicamentos. Uma outra linha de estudo trabalha com pacientes pré-hipertensos, no intuito de verificar a eficácia do uso dos remédios como forma de prevenção.
— Queremos verificar se o remédio previne o agravamento e as consequentes complicações da pressão alta, em que proporção e com que segurança ao paciente — explica o pesquisador.
O estudo Prever — prevenção de hipertensão e eventos cardiovasculares envolve 900 voluntários no país. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre se prepara para incluir mais 500 participantes no estudo. Serão selecionadas pessoas com pressão arterial no limite da normalidade (superior a 12/8 mmHg), mas que não apresentam hipertensão e hipertensos que usam no máximo um medicamento para controle da pressão arterial.
— Ser voluntário nesse tipo de pesquisa é uma contribuição humana importante para a ciência, para que se possa diminuir o risco de doenças cardiovasculares na população — avalia Fuchs.
Segundo o Ministério da Saúde, a hipertensão no Brasil atinge 35% da população acima de 40 anos.
Fonte Zero Hora
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