Elementos que não podem faltar, segundo especialista: capacidade de se reiventar, coragem para empreender, persistência para transformar e, acima de tudo, vocação para liderar o processo evolutivo
O setor da Saúde é um ramo importante na economia brasileira. Detém um dos maiores orçamentos da união e dispõe de programas que são reconhecidos internacionalmente. Gera mais de 10% da massa salarial do setor formal e em torno de 4 milhões de postos de trabalho, de acordo com o IBGE. Segundo a instituição, o número de empregos nos setores privado e público quase dobrou de 1992 para cá. Entre as funções de primeira linha executiva, as contratações mais que dobraram em 20 anos. Segundo o IMS Health, só o mercado farmacêutico brasileiro deve faturar R$ 68,5 milhões em 2015. O Brasil é líder do segmento na América Latina, seguido por México e Venezuela.
Apesar da notável evolução, ainda há desafios importantes. O SUS ainda apresenta níveis de atendimento precários e eficiência abaixo do requerido. Pelo ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) 2011, o Brasil amarga o 84º lugar. A população brasileira deve aumentar em 10 milhões de pessoas até 2015, segundo o IBGE, o que certamente trará impactos importantes nos temas de acesso, custo e financiamento do setor.
Ao fazer um retrospecto da evolução do setor nos últimos 20 anos, verifica-se um claro impacto com mudanças significativas que alteraram dramaticamente sua dinâmica. Como exemplos, tivemos a constituição do SUS, os avanços tecnológicos (como o crescimento da robótica e telemedicina), mudança no foco do modelo de negócio (medicina personalizada, humanização nos serviços) e nas inovações científicas (como a biotecnologia e genética).
Nas últimas décadas, o lançamento dos medicamentos genéricos, os avanços da medicina diagnóstica e, mais recente, o crescimento dos prestadores de serviços de saúde – hospitais, laboratórios e homecare – e de seus pagadores, se destacaram de uma maneira sem precedentes, transformando a indústria e criando, como consequência, novas oportunidades e tendências para o futuro.
A Saúde terá seu futuro marcado por mudanças complexas e dinâmicas e, me atrevo a dizer, muitas ainda desconhecidas. Como em outros segmentos, a capacidade para se reinventar, a coragem para empreender, a persistência para transformar e, acima de tudo, a vocação para liderar o processo evolutivo serão elementos presentes na agenda.
Do outro lado, apesar de todos os avanços, são pessoas que sempre farão os negócios acontecerem. E aí reside o grande desafio. Como assegurar que o setor irá absorver, desenvolver, engajar e reter os talentos necessários para suceder nesta jornada? Como maximizar a probabilidade de identificar com antecipação os talentos que serão os motores desta transformação? Como e de que maneira efetiva promover um processo sustentável de talentos alinhando estratégia-organização-pessoas?
Ao setor caberá um contínuo e acelerado movimento de adaptação e colaboração. Transformar ambientes e organizações requer propósito, convergência de ideias e valores que, juntamente com capacidades organizacionais e características de liderança apropriadas, promovem o resultado esperado. Analisando os indicadores, percebemos que o processo de mudança está em estágio embrionário. É preciso experimentar a continuidade dos processos de consolidação, os impactos na cadeia oriundos de investimento estrangeiro, os benefícios da tecnologia e a orientação cada vez mais voltada ao ser humano (e não ao paciente).
Para o atual e futuro líder, com o surgimento de novos papéis no processo, haverá necessidade de desenvolver e instalar novas habilidade e competências comprovadamente alinhadas com ambientes em transformação. Faltam líderes para transformar a indústria, que consigam ir além do papel executivo, que auxiliem no processo de transformação social, apoiando o setor público a construir políticas públicas e modelos mais justos e eficientes.
Para assegurar e sustentar um elevado nível de performance nos negócios, as pessoas (bem como as organizações) terão que se adaptar e mudar continuamente, devido à volatilidade, complexidade e ambiguidade do mercado. Paradoxalmente, e segundo pesquisa publicada no Korn/Ferry Institute, perfis que devem continuar no futuro são: os “Líderes das Mudanças”, aqueles dispostos a inovar e que conduzem facilmente as mudanças necessárias no seu ambiente. Outro é o “Líder do Turn Around”, com habilidades para dar reviravoltas mesmo sobre elevada pressão, com a finalidade de estabilizar ambientes depois de perdas ou necessidade de mudanças significativas.
O setor precisará de ambos para uma jornada bem sucedida. E, qualquer que seja a necessidade requerida pelo ambiente, a chave será ter o que vamos resumir ser o Talented Leader. Duas palavras que combinadas resultam naquele que, sob qualquer circunstância, contexto ou desafio, saberá conduzir seus liderados ao sucesso. A questão de talento não é um desafio de Recursos Humanos. É um desafio de CEO.
Fonte SaudeWeb
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