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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dieta sem glúten: será que funciona mesmo?

Fundamental para celíacos, agora ela é adotada por quem deseja emagrecer

Uma palavrinha antes usada quase que exclusivamente por portadores da chamada doença celíaca vem ganhando espaço no vocabulário popular: o glúten. Isso porque essa proteína deixou de ser evitada somente por quem é intolerante a essa proteína. Agora, eliminá-lo da alimentação virou sinônimo de emagrecimento. O argumento é que ele diminui a produção de hormônios relacionados à saciedade, além de dificultar a digestão.

Para os que não conhecem, o glúten está presente em alimentos que levam trigo, centeio, cevada, aveia ou malte e é a responsável pela viscosidade de massas compostas pela mistura de farinha e água, como explica a nutricionista Samantha Caesar de Andrade, pesquisadora do Departamento de Nutrição da FSP/USP. Mas será que cortá-lo da dieta realmente ajuda a perder peso? Esclareça suas dúvidas!

1- O glúten é fundamental na dieta?
Segundo o cientista de alimentos Jaime Amaya Farfan, do departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, o glúten é totalmente dispensável na dieta. "Ele não oferece qualquer benefício especial a nossa alimentação ou saúde, então pode ser cortado sem qualquer problema", explica. Só fique atento para que a eliminação dos alimentos com glúten, presente, em geral, nas fontes de carboidratos, não acabe deixando sua alimentação desequilibrada.

2- Posso cortar o glúten da minha alimentação mesmo sem ter doença celíaca?
"Não há razão para eliminar o glúten da dieta se você não apresenta intolerância a esta proteína", aponta a nutricionista Samantha. Para isso, seria preciso cortar pães, massas, bolos e bolachas da alimentação, opções mais do que tradicionais no dia a dia do brasileiro. Além disso, esses alimentos são algumas das principais fontes de carboidrato para o nosso organismo.

A professora de gastropediatria da Unifesp, Vera Lucia Sdepanian, coordenadora do primeiro laboratório brasileiro a identificar a presença do glúten nos alimentos, reforça a posição da nutricionista. "Cerca de 40% dos celíacos que deveriam abandonar completamente o glúten não conseguem, então, a chance de alguém que não tem necessidade de cortar a proteína da dieta obter sucesso é mínima", afirma. Segundo ela, a maior parte das pessoas costuma seguir o plano alimentar por algumas semanas e depois desiste. E mais: segundo ela, todo esse esforço é em vão, já que o glúten não é vilão de quem deseja emagrecer.

3- O glúten engorda?
Não há qualquer evidência de que o glúten tenha alguma relação com doenças como a obesidade, explica a nutróloga Tamara Mazaracki, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). "Mas como ele está presente em alimentos fonte de carboidratos - que costumam ser altamente calóricos - sua eliminação geralmente reduz o consumo desse nutriente, o que pode levar à perda de peso", complementa.

Vale lembrar ainda que alimentos sem glúten podem ser tão calóricos quanto os originais, então, a perda de peso está relacionada principalmente ao hábito de comer com moderação e não de restringir nutrientes. Prova disso, é um estudo de 2006 publicado no American Journal of Gastroenterology. Nele, 188 pessoas com doença celíaca foram acompanhadas, sendo que metade delas estava acima do peso ou tinha obesidade. Todas foram submetidas a uma dieta sem glúten por dois anos e, após esse período, foi constatado que 81% delas apresentou ganho de peso.

4- Então posso cortar os carboidratos da dieta?
Inúmeras dietas sugerem a eliminação de determinado nutriente com o objetivo de cortar calorias e, consequentemente, emagrecer. "Esse emagrecimento não é considerado saudável, podendo ocasionar problemas de saúde ou até mesmo levar ao conhecido efeito sanfona", aponta a nutricionista Samantha. Para emagrecer, nada melhor do que a reeducação alimentar aliada a prática regular de exercícios.

5- O glúten tem alguma influência sobre a produção de hormônios?
De acordo com o cientista de alimentos Jaime, não há qualquer evidência de que o glúten, especificamente, aumente ou diminua a produção de hormônios ou neurotransmissores pelo organismo. "Quando comemos um carboidrato, com ou sem glúten, nosso organismo libera enzimas para quebrar o alimento e esse processo também promove a liberação de substâncias", esclarece. Para o especialista, o glúten está inserido nesse processo, mas não exerce nenhum papel de destaque.

6- O glúten atrapalha a digestão?"
O glúten é uma proteína como outra qualquer e a ideia de que ele vira uma cola no intestino ou de que demora mais para ser digerido não passa de mito", afirma a gastropediatra Vera. Segundo ela, a digestão das proteínas demora mais conforme o alimento ingerido. Um pedaço de carne, por exemplo, leva mais tempo para ser digerido do que um prato de massa, explica.

7- O glúten aumenta o risco de desenvolver síndrome metabólica?"
O que se sabe é que o consumo excessivo de alimentos de trigo aumenta o risco de desenvolver a chamada síndrome metabólica, mas não há nenhuma ligação específica com o glúten", explica o cientista de alimentos Jaime. A síndrome metabólica é caracterizada por alterações no metabolismo que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes.

Fonte Minha Vida

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