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sexta-feira, 1 de junho de 2012

37% dos casos de câncer para este ano têm a ver com o tabaco

Levantamento do Instituto Nacional de Câncer mostra ainda que os homens brasileiros podem perder até dez anos de vida por conta de tumores malignos causados pelo uso do cigarro

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão veiculado ao Ministério da Saúde, aponta que 37% dos casos de câncer previstos para 2012 podem estar relacionados ao tabagismo, apesar de ser a primeira vez que o país registra menos de 15% na prevalência de fumantes, de acordo com as informações do Vigitel (pesquisa telefônica do Ministério da Saúde).

O Dia Mundial Sem Tabaco de 2012, no Brasil, baseou-se no tema “Fumar: faz mal pra você, faz mal pro planeta”. O mote foi adaptado da proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a realidade do país enfocando os danos causados pela cadeia de produção do tabaco e os malefícios à saúde da população.

“O país já alcançou muitos avanços na luta contra o tabagismo, mas o número de casos novos relacionados ao fumo é preocupante. É preciso regulamentar definitivamente a lei dos ambientes 100% livres do tabaco e dar mais um grande passo em prol da saúde dos brasileiros”, diz o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini, em nota.

Quando avaliados por região, os percentuais dos cânceres causados pelo tabaco, comparados com todos os casos novos para esse ano, ficam em 45 %, nas mulheres e 34% nos homens do Norte do país; 43% no sexo masculino e 35% no feminino do Sudeste; 40% nas mulheres e 35% nos homens do Centro-Oeste e, 35% do sexo masculino e 40% do feminino na Região Centro-Oeste do país, conforme a tabela abaixo:

Sexo           Norte    Nordeste    Centro -Oeste    Sudeste    Sul
Masculino   34%     33%             35%                    38%         43%
Feminino    45%      38%            40%                     33%         35%

*Cânceres causados pelo tabaco comparados com todos os casos novos 2012 -Divisão de InformaçãoINCA

“Observar as informações do recorte das doenças tabaco-relacionadas nos dá a dimensão do que é o desafio do combate ao câncer. É importante que os gestores visualizem o impacto do tabaco nos casos novos de câncer para melhorar mais ainda as estratégias de prevenção”, explica a gerente da Divisão de Informação do INCA, Marise Rebelo.

Outra conclusão do estudo do INCA é que se consideramos uma expectativa de vida até os 80 anos, os brasileiros podem perder até seis anos potenciais de vida e, as brasileiras, até cinco anos, devido a alguns tipos de câncer tabaco-relacionado. No Sul, essas informações chamam ainda mais atenção, pois são até dez anos perdidos, pelos homens e, seis pelas mulheres; e no Sudeste, oito anos, entre o sexo masculino, e cinco entre o feminino.

Apesar da queda significativa no número dos fumantes brasileiros, o percentual de mortalidade por câncer tabaco-relacionado ainda é alto. O câncer de pulmão, por exemplo, é responsável por 37% das mortes por câncer na região Sul, entre o sexo masculino. Nas outras regiões, também entre os homens, esse tipo de tumor é responsável por 30% da mortalidade por câncer.

Entre as mulheres, na região Sul, o tumor de pulmão é o que mata mais dentre todos os cânceres: 24%. O câncer de cólon e reto, que também sofre influência do tabagismo, representa 20% das mortes por câncer na região Sudeste.

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+ 20, em junho, para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas, o INCA lembra que além dos danos à saúde (como diferentes tipos de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, dentre mais de 50 doenças diretamente relacionadas ao tabagismo), ao longo da cadeia de produção do tabaco há fatores que afetam o meio ambiente e toda a sociedade: desmatamento, uso de agrotóxicos, agricultores doentes, incêndios e poluição do ar, das ruas e das águas.

“Basta manter um cigarro aceso para poluir o ambiente. A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos veículos), substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Imagine a quantidade de toxicidade que várias pessoas fumando deixam no nosso planeta”, diz a coordenadora da Divisão de Tabagismo do Inca, Valéria Cunha.

Os agricultores são vítimas de doenças causadas pelos pesticidas e pelo manuseio da folha de tabaco (doença do tabaco verde, com sintomas que incluem náusea, vômito, fraqueza, dor de cabeça, tonteira, dores abdominais, dificuldade para respirar e alteração na pressão sanguínea).

“Dentre as crianças e adolescentes de 5 a 15 anos envolvidas em atividades agrícolas na região Sul do Brasil, 14% trabalham no cultivo do tabaco, ficando expostas a grandes quantidades de agrotóxicos, o que é bastante prejudicial à saúde”, explica o médico pneumologista da Divisão de Tabagismo do INCA, Ricardo Meirelles.

Nos países em desenvolvimento, o desmatamento devido ao plantio e secagem das folhas do tabaco corresponde a 5% do total. Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é sacrificada. O fumante de um maço de cigarros por dia consome duas árvores em um mês. Ainda que as zonas desmatadas sejam reflorestadas, não são refeitas as condições naturais quanto à flora e à fauna da mata virgem. O desmatamento está associado ainda a surtos de doenças infecciosas, e à erosão e destruição do solo.

Pelo menos 25% dos incêndios rurais e urbanos são causados por pontas de cigarros. Os filtros, por sua vez, estão carregados de materiais tóxicos que podem demorar mais de cinco anos para se decompor. Há contaminação do solo e bloqueio dos sistemas das águas e esgoto.
As pontas de cigarros são levadas pela chuva para rios, lagos, oceanos, matando peixes, tartarugas e aves marinhas que podem ingeri-las.

Fumo passivo
Estudos revelam que entre pessoas expostas ao fumo passivo há risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão, 30% mais risco de sofrerem doenças cardíacas e 25% a 35% mais riscos de terem doenças coronarianas agudas. Além disso, a propensão à asma e à redução da capacidade respiratória é maior neste grupo.

No Brasil, pelo menos, 2.655 não-fumantes morrem a cada ano por doenças atribuíveis ao tabagismo passivo. O que equivale dizer que, a cada dia, sete brasileiros que não fumam morrem por doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco.

*Com informações: Assessoria de Imprensa do INCA

Fonte SaudeWeb

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