Estudo afirma que acompanhamento psicológico precipitado pode fazer a diferença na vida dessas pessoas
Adultos que tiveram câncer quando crianças podem ter mais chances de apresentar problemas emocionais e menor qualidade de vida por causa dos efeitos físicos causados pela radioterapia, afirmam os pesquisadores da Northwestern University (EUA). Os resultados do estudo foram publicados no Journal of Clinical Oncology.
Os autores recolheram dados na instituição Childhood Cancer Survivor, a fim de avaliar os efeitos que as cicatrizes, a desfiguração e a perda de cabelo - resultados do tratamento contra tumores - acarretavam em mais de 14 mil adultos que sobreviveram a um câncer na infância. Essas pessoas foram comparadas aos irmãos que não tiveram a doença.
Analisando os resultados, os estudiosos descobriram que os sobreviventes com a perda de cabelo persistente, no geral, tiveram um risco aumentado de ansiedade. As sobreviventes do sexo feminino com perda de cabelo tiveram ainda um risco aumentado de apresentar sintomas de depressão. Pessoas com desfigurações e cicatrizes na cabeça, pescoço, braço ou perna também tiveram um risco aumentado de depressão.
Segundo os pesquisadores, o estudo mostra que os tratamentos de câncer podem afetar a aparência física e interferir diretamente na qualidade de vida dos pacientes, até muito tempo depois de eles completarem 18 anos. Os especialistas reforçam a importância de um acompanhamento psicológico para as crianças com câncer desde o início do tratamento, visando minimizar o impacto das alterações na aparência dos pacientes.
"Quando recebi o diagnóstico de câncer de mama, o primeiro pensamento que veio à cabeça é que eu ia morrer", conta a representante comercial Joseane Dias, que teve de retirar as mamas. A costureira Ivanilde Rocha, de Uberlândia, teve o mesmo câncer de Joseane. "É uma fase da vida que deixa qualquer um triste, quase perdi os ânimos após ser aposentada por invalidez", comenta.
Apesar das dificuldades, ambas adotaram atitudes para combater os sentimentos negativos. Hoje, reconhecem que o câncer não é uma sentença de morte: estão curadas e compartilham a alegria de ter enfrentado a doença. Siga o exemplo delas e veja o que psicólogos e psiquiatras recomendam para não se deixar abater com o diagnóstico.
De olho nos sintomas da depressão
Diminuição do apetite, perda de peso, tristeza e melancolia, desânimo, sensação de incapacidade, falta de esperança, perda da autoestima, sentimento de culpa e até ideias de suicídio podem ser sinais de depressão - uma doença que também precisa de acompanhamento médico. A psicóloga Mariana Lima, da Oncomed, de Belo Horizonte, também conta que a tristeza excessiva pode interferir na imunidade da pessoa, prejudicando a resposta ao tratamento.
Ajuda profissional
O psicólogo pode ajudar o paciente a elaborar melhor a presença do câncer e a lidar com o cotidiano. "Fazemos uma trabalho individualizado para levantar quais questões relacionadas à doença são mais difíceis de encarar, como os efeitos colaterais do tratamento, a incerteza da cura, o medo da morte, entre outros medos", explica a psiquiatra e psicoterapeuta Sara Bottino, de São Paulo.
Terapia em grupo
Segundo a psicóloga Viviane Totina, do Hospital Amaral Carvalho, as conversas em grupo permitem aos pacientes trocar as suas experiências, facilitando a percepção de que não estão sozinhos. "Isso pode ajudar a encontrar novas possibilidades de vida mesmo após a descoberta do câncer", afirma.
Boas companhias
Família e amigos podem ajudar a identificar sintomas de depressão e verificar a necessidade de ajuda profissional. A psicoterapeuta Sara lembra que é importante encorajar o paciente, mas não deixar de reconhecer que, apesar de todos os esforços, ele pode ficar deprimido.
Fonte Minha Vida
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