Uma pesquisa recente da PwC descobriu que cerca da metade dos consumidores acredita que a tecnologia móvel de saúde ajudará a área. E 59% dos que usam a tecnologia móvel de saúde afirmam ter substituído as consultas. Mas o relatório também traz à tona que apesar do entusiasmo do público, a maioria dos médicos não estão felizes com essa nova forma de contato.
“Apenas 27% encorajam seus pacientes a usar apps móveis de saúde para se tornarem mais ativos no gerenciamento de suas saúdes; 13% desencorajam”, segundo o relatório Emerging mHealth: Paths For Growth: (Crescimento da mHealth: Degraus para galgar).
Segundo a pesquisa, 64% dos médicos “se preocupam que a mHealth torna o paciente muito independente”. Em um vídeo postado no site da PwC, Christopher Wasden, chefe de inovação global de saúde da empresa, comentou sobre o assunto: com a tecnologia móvel, “consumidores têm agora mais informações sobre preços, serviços, tempo de espera e qualidade. (…) Então podem tomar decisões da mesma forma que tomam em outras áreas do mercado”.
As implicações são claras: os médicos temem que caso seus pacientes aumentem o acesso móvel às informações médicas, os especialistas perderão o controle da prática da medicina e com isso sua receita diminuirá.
Muitos médicos se preocupam que seu papel tradicional como capitães da saúde irá enfraquecer conforme o uso de apps móveis ou acesso a sites aumente entre os pacientes e com isso eles ganhem mais controle com seu cuidado. Já que essas fontes de dados fornecem comparações de custos para intervenções ou exames e permite que as taxas de complicações dos médicos sejam visualizadas, esses pacientes podem escolher qual médico oferece o melhor serviço pelo custo mais razoável.
Mas esse não é o único motivo da resistência dos médicos. Muitos também estão genuinamente preocupados com os perigos potenciais dos apps de saúde móvel quando usados por pacientes desinformados.
Com anos de treinamento especializados na universidade, além da residência, os médicos obviamente têm boas razões para considerarem-se melhores qualificados para diagnosticarem e tratarem doenças do que pacientes que se apoiam em pesquisas do Google ou em app móveis.
E eles têm razão acerca dessa preocupação, e qualquer profissional com conhecimento especializado se sentiria da mesma forma. Se engenheiros civis fossem avisados que a indústria da construção teria novas regras e que mecânicos ou encanadores poderiam agora fazer desenhos de pontes, temeriam pela segurança do público.
Claro, essa analogia não pode ser levada muito longe. Há vários projetos de construção que não exigem o serviço de engenheiros, como também há pequenos problemas de saúde que podem ser resolvidos sem a ajuda de um profissional. Mas há muitos que não podem, e às vezes esse fato só é percebido quando é tarde demais.
A literatura está repleta de histórias de horros sobre pacientes que realizaram automedicamentos de cânceres com ervas medicinais, por exemplo, e que morreram após recusar ajuda profissional. E há desenvolvedores inescrupulosos que não pensam duas vezes ao oferecer apps móveis com alegações mentirosas sobre inovações em “saúde”.
Na análise final, tantos os consumidores quanto os médicos devem achar o meio termo. Médicos terão que se acostumar com a ideia de compartilhar o processo de tomada de decisão e os pacientes devem aceitar que o fato de ler alguns artigos na internet não os torna especialistas.
Fonte: Paul Cerrato | InformationWeek EUA; replicada pela InformationWeek Brasil
Por SaudeWeb
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