Encontrar fontes de reconhecimento pessoal em cada fase é fundamental
Na juventude, planejamos a carreira que queremos seguir, a família que queremos construir, as viagens que gostaríamos de fazer, a cidade onde pretendemos morar. Dificilmente, pensamos em como iremos envelhecer.
Se a concretização de nossos desejos é incerta, o passar do tempo é inevitável — e irreversível. Mas não estamos preparados para aceitar passivamente as mudanças que vemos no rosto refletido no espelho diariamente. Prova disso é o esforço da indústria farmacêutica, estética e cosmética em desenvolver alternativas para enganar os sinais do tempo.
— O avanço da idade é um dos grandes geradores de cirurgia plástica, principalmente em mulheres — comenta o cirurgião plástico Jones Copetti.
Além de uma eventual insatisfação pessoal com a própria aparência, há um certo "padrão de beleza" disseminado na sociedade, que gera descontinuidades entre o que se vê nas revistas e como a pessoa se enxerga, sem contar as distorções sobre a própria imagem, causadas por distúrbios como o transtorno da imagem corporal.
— Esse paciente vai fazer um procedimento estético após o outro e nunca estará satisfeito. É uma patologia — diz o médico.
É isso que ele pretende evitar com a metodologia de trabalho adotada na clínica que mantém em sociedade com sua mulher, a psicóloga Cristina Copetti. A proposta é provocar a paciente a fazer uma reflexão sobre as expectativas ideais e as reais de uma cirurgia plástica, visando à realização de um procedimento consciente para evitar frustrações posteriores.
— É preciso que o paciente tenha presente o porquê de sua cirurgia e que o médico também esteja ciente do que aquela cirurgia representa para o paciente — destaca Copetti.
A pesquisa Índice de Bem-estar, realizada pela Unimed Porto Alegre, revelou que a satisfação consigo mesmo era um dos pontos importantes para a qualidade de vida dos entrevistados. Quem é feliz com sua própria imagem é mais seguro e autoconfiante, tornando-se mais produtivo para alcançar seus objetivos e para se relacionar socialmente. Essa também pode ser uma das motivações para procedimentos estéticos.
— Quem tem orelhas de abano pode ter problemas para se relacionar. Possivelmente, se fizer uma cirurgia corretora, terá uma melhor qualidade de vida — exemplifica Copetti.
Por outro lado, investir nesse recurso na tentativa de resolver problemas conjugais pode ser um erro, alerta o médico.
Para o psiquiatra Alfredo Cataldo Neto, a beleza física é passageira e o que perpetua as relações são as virtudes internas. Por isso, é preciso investir, desde cedo, em "poupanças afetivas": amigos, cônjuge, filhos.
— Para envelhecer bem, é preciso ter vivido bem. Muitos dos problemas vivenciados na velhice resultam de toda uma vida de relações conflituosas — comenta Cataldo.
Mas nem só da aparência depende a autoestima. O psiquiatra explica que a autoestima é o modo como a pessoa se vê no mundo e como se sente reconhecida pelos outros, no trabalho, na família, no lazer, entre os amigos.
— Quanto mais eu consigo diversificar as fontes de reconhecimento, mais eu me gosto — resume o psiquiatra.
Fonte Zero Hora
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