No início, ainda bebês, elas ficam quase todo o tempo no colo, o que facilita o controle dos pais. Mas logo que começam a engatinhar e andar, as crianças precisam de atenção redobrada. Isso porque um ambiente doméstico pode ser perigoso para os pequenos, que não têm muito controle sobre seus movimentos e equilíbrio. Maria Amparo Gomez Descalzo, pediatra do Hospital Santa Catarina, indica os acidentes domésticos mais comuns com crianças e que levam os pais ao pronto-socorro (PS).
“Quanto menor a criança, mais acidentes podem acontecer dentro de casa. Isso porque elas estão em movimento, mas ainda não controlam sua força física nem têm muito equilíbrio. E os pais têm de prestar muita atenção, pois apesar de saberem que algo pode ser perigoso, elas não têm o discernimento para entender a extensão do perigo e são naturalmente muito curiosas”, explica a especialista.
Maria Amparo diz que os acidentes mais comuns nessa fase são as quedas, seja de pequenas alturas – de cima de cadeiras ou tropeções em desníveis dentro de casa – ou de alturas mais perigosas, como um lance de escada, por exemplo. “E o corpo delas ainda está em formação, a cabeça ainda é o membro mais pesado em relação ao resto do corpo, e normalmente elas acabam batendo em quinas – por falta de controle e reflexo para desviar – ou então, quando caem, o primeiro membro a atingir o chão é a cabeça.”
Isso deixa os pais apreensivos, pois bater a cabeça é algo potencialmente perigoso. O medo é que uma queda ou uma batida possa gerar uma concussão ou um traumatismo craniano. “É o que mais vemos no PS. Mas nem sempre é algo grave: pode gerar apenas um ‘galo’ e choro. O problema é quando há alguma alteração no comportamento da criança: se ela desmaiar, apresentar quadro de vômito ou sonolência excessiva, aí sim é preciso ficar atento”, explica a pediatra.
Além da queda, outro perigo potencial, mas com crianças um pouco mais velhas, são os objetos puxados de cima de móveis pela casa. As crianças podem ficar curiosas com algo que esteja em cima da mesa da cozinha, por exemplo, e puxar a toalha em sua direção. Caso haja algo pesado, o objeto pode cair e machucá-la. “Já tivemos caso de crianças que se machucaram ao puxarem para si uma televisão de plasma, que é mais ou menos leve, mas que tem vidro em sua composição, o que pode levar a um acidente sério”, exemplifica Maria Amparo.
Esconde-esconde
Outra situação que pode levar a acidentes secundários são as brincadeiras de esconde-esconde em cômodos da casa onde as fechaduras são automáticas (como aquelas de modelo americano) ou onde a abertura se dá apenas de um lado, como as fechaduras de banheiro. “A situação em si não é perigosa, mas caso a criança não consiga abrir por muito tempo, ela pode ficar nervosa e se machucar. Já vimos crianças que se machucaram tentando pular a janela do banheiro para tentar sair do cômodo”, exemplifica a médica.
A cozinha também é outro lugar que deve acender o sinal amarelo nos pais: alimentos e líquidos quentes em panelas, por exemplo, devem ficar fora do alcance dos pequenos. O ideal é que as crianças fiquem longe do percurso dos alimentos enquanto se prepara uma refeição: entre o fogão e a pia, ou entre a cozinha e a mesa de jantar, por exemplo.
Intoxicação e superdosagem
A curiosidade infantil também pode causar acidentes envolvendo produtos químicos ou remédios. Embalagens coloridas e chamativas são uma tentação. “Os pais estão mais atentos, mas ainda são comuns acidentes envolvendo produtos químicos e de limpeza. São acidentes muito graves, pois podem comprometer o trato digestório e, além da dor, podem deixar sequelas para o resto da vida”, alerta Maria Amparo.
Outra tentação para as crianças são os remédios. Afinal, xaropes com sabores diversos são irresistíveis e tomar apenas uma colher deixa as crianças querendo mais. Esses medicamentos são adocicados, com sabores que se assemelham ao de chicletes. Se os pais bobeiam, a criança pode arranjar um jeito de tomar todo o vidro do remédio. A superdosagem pode acarretar problemas diversos.
“E os remédios em forma de pílula devem ser trancados em lugares menos acessíveis. Crianças podem confundi-los com balas. Ou, então, por uma simples questão de querer imitar os pais, elas podem ingerir essas medicações destinadas a adultos”, explica a pediatra.
Esses remédios são fabricados em dosagens muito maiores do que seus similares infantis. É preciso que os pais fiquem atentos e controlem rigorosamente tanto o local onde estão guardados esses remédios, como a quantidade ingerida: caso esteja faltando um frasco ou algumas drágeas, por exemplo, é bom questionar a criança.”
Outras situações, apontadas por Maria Amparo, que podem gerar transtornos para a saúde das crianças ou mesmo levar a situações mais graves são:
• Engolir objetos
Esse tipo de acidente pode acontecer especialmente na fase em que as crianças estão engatinhando. “Isso é bastante comum e todo pai observa: as crianças levam tudo que pegam à boca. Peças de brinquedos e outros objetos sólidos são perigosos, pois podem ficar presos na traqueia”, diz a pediatra, que alerta para que os pais estejam sempre atentos à indicação da faixa etária dos brinquedos que estão acessíveis aos filhos.
• Balas e doces sólidos
Similar aos acidentes envolvendo objetos sólidos, as balas também podem causar acidentes e levar a complicações. “Bala, de preferência, somente as mastigáveis e preferencialmente após os 3 anos de idade”, diz.
• Redes de proteção
Os pais também devem estar atentos não somente em colocar as redes de proteção nas janelas de casa, mas também se os locais de convivência dos filhos – como a casa dos avós ou dos tios – também têm esse tipo de equipamento de segurança. As crianças habituadas a janelas protegidas podem acabar se confundindo e se envolvendo em algum acidente grave.
• Piscinas
Um minuto de desatenção de quem cuida da criança e um desastre pode ocorrer: os acidentes em piscinas podem ser extremamente graves. “Mesmo que a imersão na água ocorra por pouco tempo, pode haver diversas complicações para a saúde da criança. Nesses locais, onde há piscina por perto, os pais e cuidadores devem redobrar as atenções”.
Fonte O que eu tenho
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