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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Falta de equipamentos torna longa a espera por radioterapia

RS atende só 40% dos doentes de câncer que precisam desse tratamento

Adão Monteiro, 65 anos, voltou para casa, em Canoas, com um diagnóstico de câncer e a orientação médica para um tratamento urgente com radioterapia. Cinco meses depois, o aposentado continua à espera. Até o final do ano, 85 mil brasileiros seguirão, como ele, na fila por um atendimento semelhante.

— Eu conto os dias, mas as horas não passam — lamenta Monteiro.

Os números assustam
Levantamento do Tribunal de Contas da União calcula que o serviço de radioterapia pelo SUS cobre apenas 65,9% da demanda em todo Brasil. No Rio Grande do Sul, o serviço chega a apenas 40%.

Faltam, só no Estado, 33 equipamentos — hoje há apenas 13, segundo o Departamento de Atenção Especial do Ministério da Saúde. A assessora do departamento Maria Inês Gadelha diz que a falta de acesso ao tratamento se deve ao alto custo da técnica — cada equipamento custa cerca de US$ 1 milhão — e, ao mesmo tempo, à maior facilidade de fazer quimioterapia.

O governo federal está lançando um plano de expansão, e o Estado deve receber melhorias em cinco unidades, das quais três serão ampliadas e duas terão o serviço de radioterapia criado — os hospitais de Clínicas, Conceição e São Lucas, em Porto Alegre, o Centenário, em São Leopoldo, e o Regina, em Novo Hamburgo. Além desses, há quatro serviços em implantação: em Santa Rosa, Santa Maria, Erechim e Caxias do Sul. Ao todo, no país, serão criados 48 serviços de radioterapia e expansão de 32 serviços já existentes que atendem SUS, com investimento de R$ 505 milhões.

Demora para tratamento dura quatro meses
Estudos do Instituto Nacional do Câncer (Inca) projetam 520 mil novos casos de câncer em 2012. Do total, 60% precisarão de radioterapia em pelo menos uma fase do tratamento. A conta não fecha. No Brasil, faltam 115 equipamentos. E ainda há um agravante: a espera de quatro meses.

— Muitas vezes o paciente que tinha chance de cura na hora do diagnóstico acaba não tendo mais. É um prejuízo inestimável — avalia Robson Ferrigno, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBR).

Entrevista: João L. F. da Silva Radioterapeuta
Integrante da equipe médica que tratou o câncer do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, o médico radioterapeuta João Luis Fernandes da Silva participa de evento sobre radioterapia nesta sexta-feira, no Hospital Moinhos de Vento, na Capital. Confira trechos de entrevista do médico a ZH, por telefone:

Zero Hora — A radioterapia pode ser empregada em qualquer tipo de tumor ou há restrições?
João Luis Fernandes da Silva - Poderia ser aplicada em qualquer tipo, porém, há tumores que são radioresistentes e há os radiosensíveis. Se usarmos doses altíssimas de radiação, nenhuma resiste. Porém, os tecidos sadios acabam sofrendo e isso limita a aplicação de doses altas. Nesse sentido que a medicina está avançado, aperfeiçoando a precisão.

ZH — Qual a principal diferença entre os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia?
Silva - A quimioterapia tem efeitos sistêmicos, pois é feita pela veia ou pela boca, e a radio tem efeitos colaterais basicamente no local ou na região do entorno. Se fizer radioterapia na próstata, na coxa ou na mama, não cairá o cabelo. Se fizer quimio, vai cair cabelo, pois os efeitos são sistêmicos.

ZH — Por que ainda é tão restrito o acesso aos equipamentos no Brasil?
Silva - Existe um número maior de remédios porque a indústria farmacêutica investe muito. Os aparelhos da rede pública hoje não são suficientes. Quase 100 mil casos que precisaram de radioterapia no ano passado não foram atendidos. Porém, o governo está adquirindo este ano 80 novos aparelhos. O tratamento de pessoas influentes deve ter sensibilizado os governantes para o tratamento público.

Serviço
O que: Novas Técnicas de Tratamento Radioterápico: IGRT — Radioterapia Guiada por Imagem

Onde: Anfiteatro Schwester Hilda Sturm - Hospital Moinhos de Vento

Data: nesta sexta-feira

Horário: 18h30min


Fonte Zero Hora

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