Durante a 10° edição do Saúde Business Forum, Luiz Koiti, da Beneficência Portuguesa conta como envolveu os médicos no combate de gastos desnecessários e nos processos de qualidade
Remuneração, modelo de contratação de corpo clínico, retenção de talentos. Muitas são as variáveis quando o assunto é o engajamento médico. Mas afinal, como trazer o profissional mais importante da entidade para uma realidade de custos, gastos e controle do orçamento? Essa foi a missão do Beneficência Portuguesa, de São Paulo, um dos maiores hospitais do País, que vem, ao longo dos anos, fazendo diversas ações para envolver o profissional.
O corpo-clínico fechado permitiu à entidade formar grupos de multiplicadores de conhecimento para envolver todos os profissionais do hospital desde questões como acreditação- o hospital tem ONA 2- , até a melhoria da gestão do centro-cirúrgico. “Sabemos que o médico não tem formação em gestão e por isso o orientamos e incentivamos a multiplicação desse conhecimento”, afirmou o superintendente da instituição, Luiz Koiti, nesta quinta-feira (20), durante a 10° edição do Saúde Business Forum, que ocorre na Praia do Forte (BA).
Durante as reuniões são mostrados os indicadores da instituição de forma transparente para que o médico participe do controle de custos. Há também reuniões para analisar a aplicação das práticas e o desempenho dos profissionais “O encontro de feed-backs com os médicos é uma forma de ouvir cada um deles”. Com o projeto, 5300 colaboradores e médicos são impactados e essa é a importância dos multiplicadores do conhecimento e dos canais de comunicação utilizados pela entidade como palestras, jornais, internet e sms.
Uma medida que deu certo foi durante o processo de adoção da metodologia Kaisen, quando se apresentou o valor do desperdício com os atrasos nos centros- cirúrgicos. “Os atrasos de 30 minutos resultavam em R$ 300 milhões de prejuízo ao ano. Na discussão sobre a ferramenta, o médico começou a entender que quem atrasava a cirurgia era ele”, diz.
Foram organizados protocolos na área de cirurgia cardíaca, tradicional especialidade da instituição, em parceria com os próprios médicos, o que antes seria impossível. “Organizamos um único protocolo, as nossas equipes são das escola do Zerbini (Euryclides de Jesus) e do Adib Jatene. Antes era impossível um cirurgião sentar para conversar com outro ”.
Recursos Humanos
A questão do engajamento médico passa, sem dúvida, pela discussão do modelo de remuneração do médico e de política de recursos humanos. Qual é o atrativo para os profissionais que não tem vínculo e até aqueles que são ceeletistas?
Durante o Intercâmbio de Ideias, os participantes enfatizaram a questão do modelo de remuneração e da carreira do profissional. “O desafio para engajar médico é o modelo de remuneração. Como engajar alguém de qualidade de custo, se ele não enxerga a entidade de trabalho?”, questionou Paulo Barreto, do Hospital São Lucas (SE).
No caso do programa da Beneficência Portuguesa, a análise de desempenho não está ligada à remuneração. Mesmo assim, as pessoas aderiram um dos resultados foi o surgimento de novas lideranças, que antes ficavam escondidas.
Paulo Cezar Paiva, do Hospital do Exército (RJ), argumentou sobre a disponibilidade do profissional em aderir ao programa. “Muitas vezes o médico quer só matar a fome, não dá para fazer o algo mais”, disse, completando que no caso da entidade, há dinheiro disponível, mas não profissionais.
Christian Campos, do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, complementou a discussão sobre carreira e a atual formação médica. “O novo profissional é muito imediatista com a questão financeira”, disse. Barreto, endossou, dizendo que a demanda não é remunerada, ou seja, o pediatra, por exemplo, atende grande número de pacientes por um valor menor se comparado ao de um especialista em alta complexidade.
Agora, Koiti enfrenta uma nova etapa do processo de engajamento, que é a abertura gradual do corpo-clínico com a manutenção dos programas. “Estamos olhando para as especialidades que temos carência na renovação do corpo-clínico. Acho que o médico tem como moeda de troca, a possibilidade de participar de pesquisa”, disse, enfatizando que um dos atrativos para os médicos é o centro de estudos e pesquisas da instituição.
Fonte SaudeWeb
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