Acordo no centro oncológico prevê padronização dos protocolos, transferência de know how e compartilhamento de equipes
Seguindo os modelos de co-opetição (colaboração entre empresas concorrentes) já presentes em outros setores da economia, os hospitais Santa Paula e Sírio-Libanês assinaram um acordo de parceria para o novo Centro Oncológico do Santa Paula.
“Entendemos que oncologia fazia parte da nossa estratégia, por isso, começamos um planejamento estrutural e iniciamos a construção de áreas específica para isso, o que culminou na construção deste novo centro, de 4 mil metros quadrados, que será inaugurado no final deste ano. Nos preparamos estruturalmente, mas faltavam as pessoas, por isso buscamos o Sírio-Libanês, que é uma usina de formação de oncologistas”, relembra o diretor clínico do Santa Paula, Otávio Gebara.
As duas instituições firmaram um contrato de gestão técnica, em que o Sírio-Libanês forma, fornece e treina os profissionais de oncologia, determina os protocolos e faz a supervisão de qualidade das áreas relacionadas ao atendimento do paciente oncológico.
No Sírio-Libanês, a decisão pela parceria foi tomada com base nos seguintes fatores: oncologia é uma área de grande desenvolvimento e know how da instituição, havia capacidade de alocar e recombinar diferentes recursos, a equipe é considerada altamente capacitada e especializada e esta era uma forma de reter mais talentos, e, do ponto de vista do negócio, foi percebida uma possibilidade de reduzir barreiras comerciais e aumentar a vantagem competitiva.
“Estudamos muito a respeito e avaliamos o impacto na nossa marca, porque, embora atuando em regiões e com públicos diferentes, somos instituições concorrentes. Trabalhávamos muito intramuros e outras iniciativas não tiveram sucesso, porque não identificamos sinergia entre as instituições. Neste caso, com o Santa Paula, a confiança e intimidade entre as instituições foi o divisor de águas. A situação não é tranquila e nunca será, pelo risco da concorrência, por isso, o relacionamento é muito importante, para resolver qualquer conflito”, pondera o superintendente comercial e de marketing do Hospital Sírio-Libanês, André Osmo.
Como funcionará a parceria no dia a dia
No dia a dia, as duas instituições, que usam o mesmo sistema de informação, com o módulo de oncologia formatado pelo próprio Sírio-Libanês, terão acesso a dados como prontuário, faturamento e fluxo de pacientes. Os médicos trabalharão em regime de dedicação exclusiva e uma enfermeira-chefe de oncologia do Sírio-Libanês já está atuando dentro do Santa Paula para implantar a cultura e padronizar os fluxos de trabalho.
As instituições trabalharão juntas com os indicadores de desempenho de farmácia (qualidade de prescrição oncológica), efeitos colaterais, tempo de internação do paciente oncológico e extravasamento.
O contrato tem validade de 10 anos e prevê um compromisso de não contratação dos profissionais por parte do Santa Paula, mas em contrapartida o Sírio-Libanês se compromete a manter equipes de alto padrão no centro oncológico.
“Este modelo não é novidade no mundo. O Massachussets General Hospital, nos Estados Unidos, tem parceria com 12 hospitais e todos se mantêm no mercado porque compartilham seus pacientes: há instituições focadas em longa permanência, outras na área vascular, algumas em baixa complexidade, etc. Estes hospitais funcionam como redes captadoras e baseiam suas parcerias em transferência de tecnologia e conhecimento.”, explica Gebara.
As instituições manterão seus focos de atendimento: o Sírio-Libanês continuará atendendo o público AAA e o Santa Paula continuará com o público B. “Temos um limite de atendimento e um limite físico de crescimento, além do que não é bom ultrapassar, porque fica difícil administra a qualidade numa estrutura grande demais. Por isso, não vemos risco de concorrência imediata”, avalia Osmo.
No Santa Paula, os resultados começaram a ser percebidos: as sessões de quimioterapia já aumentaram 50% e as consultas, 22%.
Fonte SaudeWeb
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