Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Superdiagnóstico: causa está no sistema de saúde

Para participantes do Saúde Business Forum, o alto custo decorrente do excesso de exames ocorre em razão do fee for service e da falta de recursos para o setor
 
A discussão sobre o excesso de exames está atrelada ao sistema de saúde brasileiro. Essa foi a conclusão dos participantes do “Intercâmbio de Ideias” sobre Superdiagnóstico, realizado nesta sexta-feira (21), durante a 10° edição do Saúde Business Forum, na Praia do Forte (BA). De acordo com os gestores, a questão é um ciclo vicioso que envolve todos da cadeia de saúde.
 
Em um cenário composto por subfinancimento da saúde, baixa remuneração médica, reajuste do rol de procedimentos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e altos custos com a incorporação de tecnologias, o excesso de exames é mais um desperdício de recursos e uma contradição em um País que ainda discute o próprio acesso à medicina diagnóstica e à saúde como um todo.
 
Mas uma das saídas pode estar na prevenção e na relação entre os elos da cadeia. Essa é foi a alternativa do Grupo Infinita, rede de diagnóstico por imagem, que adotou a parceria com operadoras e médicos para combater os gastos nos procedimentos. Quando há dúvidas sobre o diagnóstico ou o médico solicitante pede um número excessivo de exames, o profissional da rede entra em contato com médico solicitante via skype ou chat.
 
“O protocolo tem de existir para não se pedir tomografia computadorizada para cálculo de vesícula, por exemplo. Sabemos que pode ser uma ultrassonografia. Quando há dúvida fazemos esse contato para adequar os exames”, conta Paulo Bonadio Filho, presidente do Grupo Infinita. Outra ação em parceria com o prestador é o acompanhamento de grupos com maior probabilidade de desenvolvimento de doenças (genética ou hábitos prejudiciais).
 
O excesso de exames tem sido uma preocupação para a Central Nacional de Unimeds (CNU). Para o presidente da cooperativa, Mohamad Akl, as atualizações do rol de procedimentos e o próprio conhecimento de novas tecnologias pelo paciente são a causa para o aumento dos exames e, consequentemente, a elevação dos custos.
 
“De 2010 a 2012, desde a vigência da RN 211 (que autoriza o exame de pet scan), foram 204 exames, totalizando R$ 282, 5 milhões” conta Akl, e completa: “Não se iludam, quando o paciente ler sobre a tomossíntese nos jornais, ele vai pedir para o médico. Mas qual é o benefício disso?”
 
A relação número de exame por beneficiário também cresceu. Dados da CNU mostram que em 2000 eram realizados, em média, 1, 67 exames por usuário. Em 2011, o número saltou para 10,41. “Há, sim, o exagero no pedido de exames dos beneficiários”, enfatizou.
 
Os pacientes conhecem e, por vezes, solicitam ao médico exames com novas tecnologia. Mas do outro lado, já é conhecido pelo setor o abandono de exames e as repetidas solicitações também pela falta de um prontuário único. A CNU tem dados assustadores: 25% dos 2,1 milhões de beneficiários não retornam para retirar o resultado dos exames.
 
Para combater o aumento de gastos, a CNU investe em prevenção nas seguintes linhas de atuação: doença cérebro e cardiovascular, obesidade, diabetes, doença renal, doença respiratória e neoplasia. São 34, 3 mil beneficiários com esse perfil e eles são responsáveis por 10, 5% dos custos da cooperativa.
 
SistemaSe por um lado, há o excesso de solicitações por parte dos médicos, a justificativa para alguns gestores do setor é clara: o profissional tem de atender mais em menos tempo, por conta do modelo de remuneração. Com muitos pacientes, em pouco tempo, o diagnóstico via exame é a alternativa comum, deixando para trás a anamnese e o exame físico. A prática é muito corriqueira nos pronto-socorros, que estão cada vez mais lotados.
 
“Nas grandes emergências, o médico está muito exposto e, às vezes, tem de pedir . o exame para dar alta ao paciente. É uma situação complexa. O foco te que ser o médico, ele precisa receber melhor e estudar mais”, disse Fernando Group, do Hospital Samaritano (RJ).
 
Para Armando Vieira, do Hospital São José (SC), a carreira médica também é parte do problema. “Enquanto o médico não for formado eticamente, ele continuará preescrevendo o poder da caneta, pois ele se preocupa com o que tem de receber no fim do mês e não com o excesso de exames”.
 
Luiz Salomão, do SalomãoeZoppi, complementa: “Se se paga mal ao médico, ele não tem tempo de fazer a consulta e atende em minutos, pede o exame e temos um ciclo vicioso. O paciente faz e, depois, não vai retirar o resultado”.
 
Na opinião de Jorge Curi, da AMB, o problema também é recurso. “Falta financiamento, com R$100 é difícil fazer uma medicina moderna”, diz ,se referindo as mensalidades de planos de saúde.”
 
Fonte SaudeWeb

Nenhum comentário:

Postar um comentário