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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Como vivem as pessoas que, como o papa Francisco, retiraram parte dos pulmões

Tendo a parte superior do pulmão direito removida há
cerca de 50 anos, o Papa vive bem até hoje
Tempos atrás, o procedimento era comum, principalmente após casos de tuberculose
 
Devido a uma grave doença pulmonar na juventude, o papa Francisco retirou parte de um dos pulmões e vive com o outro que lhe restou. Quando tinha 21 anos, uma pneumonia que gerou três cistos no pulmão fizeram os médicos argentinos controlarem a doença de Jorge Mario Bergoglio com uma cirurgia. Tendo a parte superior do pulmão direito removida há cerca de 50 anos, o Papa vive bem até hoje, apesar da supressão de parte de um órgão vital.
 
Tempos atrás, o procedimento era comum, principalmente após casos de tuberculose. Hoje, os principais problemas de saúde que levam a uma cirurgia desse porte são defeitos genéticos, enfisemas ou síndromes pulmonares.
 
O pneumologista do Hospital Moinhos de Vento Enio do Valle explica que qualquer pessoa pode viver perfeitamente com apenas um pulmão. Casos como o do Papa atingem outros famosos, como o cantor Nat King Cole, que removeu o órgão devido a um câncer, mas continuou cantando depois da operação.
 
Mesmo com limitações na capacidade pulmonar, a pessoa pode e deve fazer atividades físicas. Segundo Do Valle, quem não tem os dois pulmões pode dar-se ao direito de bater uma bolinha de vez em quando. Claro, o fôlego não é o mesmo, e a corrida requer uma certa dosagem. A restrição dependerá de outros fatores que compõem o conjunto físico da pessoa, como o coração, a musculatura e o peso, por exemplo.
 
Um fator que pode resultar em operações de pulmão é a bronquiestasia, dilatação irreversível de porções brônquicas, associada à obstrução e infecção pulmonar. Doença de ordem genética, também pode ser adquirida a partir de infecções repetidas.
 
No caso do gerente comercial Marcius de Souza, foi uma série de crises de asma que desencadearam o problema. Ele tinha apenas cinco anos quando teve a doença. Uma cirurgia parar retirar parte do pulmão direito, realizada no Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, permitiu a Souza ter uma vida normal. E o problema foi tão bem superado que ele se voltou aos esportes. Estudou educação física, tornou-se goleiro nas peladas da turma e treina até hoje:
 
— Me falta ar rapidamente nos exercícios e não posso ficar muito embaixo d'água, mas sempre fiz atividade física.
 
Intervenção radical
Muitas vezes, a cura do paciente exige a remoção parcial ou total de um pulmão.
 
— A retirada de uma parte ou de um pulmão inteiro por doença infecciosa significa a irrecuperabilidade do órgão com tratamento clínico. Abscessos, cavidades colonizadas por fungos, brônquios dilatados, infeccões repetidas, sangramentos e outras complicações podem tornar imprescindível a remoção cirúrgica da área lesada.
 
— A pneumectomia é a retirada cirúrgica de um pulmão inteiro. A remoção de um lobo do pulmão é conhecida como lobectomia e a retirada de apenas um segmento é chamada de segmentectomia.
 
— A pneumonectomia (retirada de um pulmão inteiro) representa cerca de 25% das operações. No passado, a pneumonectomia por tuberculose era mais frequente. Ainda se remove pulmões destruídos por doenças infecciosas e a tuberculose é a causa mais comum, devido ao diagnóstico tardio, abandono de tratamento e problemas sociais (desamparo familiar, miséria extrema, alcoolismo, drogas). Tumores grandes onde a retirada de um pulmão inteiro é necessária para remover a doença e a reserva de fôlego já está comprometida por enfisema podem tornar a operação impossível.
 
Fonte: Médico José Jesus Camargo
 
Por Zero Hora

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