Ao longo dos últimos anos, a maneira como hospitais, operadoras, fornecedores e médicos trataram a necessidade do uso de próteses, órteses e materiais especiais (os chamados OPME’s) não evoluiu de forma harmoniosa e, muito menos, impulsionada
por um interesse espontâneo destes agentes em resolver um dos maiores obstáculos no relacionamento entre eles.
Quando nasceu o entendimento de que os OPME’s deveriam ser tratados à parte dos materiais hospitalares comuns, a estruturação de sua gestão detinha um cunho puramente administrativo, no qual a preocupação de hospitais e operadoras era checar a cobertura dos itens de acordo com os planos dos segurados e o trâmite dos registros documentais que garantiriam a cobrança e pagamento pelo uso.
O profissional médico não tinha restrições para a escolha do que seria utilizado, definindo não só a quantidade e tipo de material que seria aplicado, mas também o fornecedor responsável pelo atendimento de sua cirurgia. Custe o que custar.
Fornecedores mantinham distância de operadoras e não tinham interesse algum em conhecer os acordos comerciais que estas firmavam com os hospitais. Sua única missão comercial era manter um relacionamento próximo ao médico, de forma a criar vínculos que os definissem como “o fornecedor” daquele profissional.
Hospitais, como se não houvesse amanhã, limitavam-se a repassar adiante os custos cobrados pelos fornecedores, acrescidos dos mark ups que haviam negociado. Afinal, segundo suas convicções na época, os OPME’s haviam sido utilizados seguindo a solicitação médica e não os caberia questionar a decisão técnica de alguém que, alem de capacitado, era seu cliente.
O que este modelo não levava em conta era que os recursos para sustentar a cadeia de atendimento do paciente e, consequentemente, todo o sistema no qual os agentes estavam inseridos, eram limitados.
Em curtíssimo prazo, operadoras compreenderam o potencial risco do laissez faire, laissez passer que permeava o mercado, pois suas contas começaram a não fechar diante de um ambiente em que havia:
- Custos incontroláveis e desmedidos para os produtos;
- Total ausência de protocolos que balizassem os materiais a serem utilizados;
- Imprevisibilidade de custo dos procedimentos;
- Visão puramente administrativa e assistencial;
- Dúvidas sobre a interferência do relacionamento na definição da quantidade e custo dos materiais a serem aplicados;
- Baixa interação e compartilhamento de riscos e interesses entre os agentes.
Iniciaram-se, então, as ações que levaram a gestão de OPME’s à sua segunda fase, sobre a qual falaremos no próximo post.
Fonte Saudeweb
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