Foto: USP Imagens Concentrações de arsênio foram encontradas em arrozes do tipo branco, integral e parboilizado |
A Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) emitiu um alerta, na última segunda-feira (6), sobre a concentração de arsênio acima do ideal encontrada no grão de arroz de várias marcas comercializadas no país.
"Tal concentração elevada pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como o câncer", observa o farmacêutico-bioquímico Bruno Lemos Batista, coordenador do estudo.
O bioquímico identificou concentrações expressivas da substância arsênio em diversas variedades de arrozes, tais como o tipo branco (polido), o arroz integral (sem polimento) e parboilizado (do inglês partial boiled, ou seja, parcialmente fervido) integral ou branco. Nas análises, foram constatados níveis elevados, na faixa dos 222 nanogramas (ng) de arsênio por grama (g) de arroz, similares a concentrações encontradas em arrozes de outros países como a China. O arroz do tipo integral foi um dos que apresentaram maiores concentrações, pois, em geral, o arsênio pode se acumular no farelo.
"Decidimos fazer a especiação química destes grãos, verificando que, em média, nossos grãos possuem ao redor de 40% do arsênio presente nas formas orgânicas, MMA e DMA, e 60% nas formas inorgânicas, As3+ e As5+, sendo que a AsB, dita não tóxica, não foi encontrada, similar ao encontrado por outros pesquisadores em outros países", disse.
Considerando a média de arsênio no arroz e que o brasileiro em média consome 86,5 g desse grão ao dia, a ingestão de arsênio via arroz é maior que via água em sua concentração máxima permitida para ingestão (10 microgramas [µg] de arsênio por litro de água), a partir da média de 2 litros de água diários.
Para o pesquisador, a fiscalização sobre o que consumimos deve estar entre as principais diretrizes das políticas públicas e, no caso do arroz, essa proposta não muda."Temos que procurar sempre a segurança através, no mínimo, do monitoramento da concentração de arsênio e suas espécies químicas, principalmente as inorgânicas e, na medida do possível e da necessidade, realizar pesquisas básicas para entendê-las num processo dinâmico desde plantas até o ser humano".
Para Batista, outros alimentos também deveriam entrar nesse monitoramento, "focando tanto a quantidade de elementos que causam danos ao organismo, como o mercúrio presente no peixe da Amazônia, como na quantidade de elementos químicos essenciais ao funcionamento do nosso organismo, como o selênio na Castanha do Pará".
Fonte isaude.net
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