Sem efeito: pesquisa mostrou que pacientes sentiram melhora mesmo sabendo que tomavam placebo |
Ao buscar a palavra placebo no dicionário, o Aurélio explica: forma
farmacêutica sem atividade, cujo aspecto é idêntico ao de outra
farmacologicamente ativa. Dessa forma, caso o placebo provoque algum resultado,
este será, apenas, de natureza psicológica.
Pois, em uma experiência incomum para entender melhor o “efeito placebo”,
pesquisadores norte-americanos descobriram que esses “remédios” inócuos podem
ajudar os pacientes a se sentirem melhor mesmo quando eles estão plenamente
conscientes de que estão tomando uma pílula de açúcar.
Quase 60% dos pacientes com síndrome do intestino irritável relataram que se
sentiram melhor após tomar placebos – sabendo que eram placebos – duas vezes por
dia, comparado a 35% dos que não receberam qualquer tratamento novo, relataram
os pesquisadores na revista Public Library of Science PLoS ONE.
“Não apenas deixamos absolutamente claro que as pílulas não tinham
ingrediente ativo algum, como ainda colocamos a palavra ‘placebo’ impressa no
vidro que continha as cápsulas” afirmou no estudo o líder da pesquisa, Ted
Kaptchuk da Escola de Medicina de Harvard e do Centro Médico Beth Israel
Deaconess, em Boston.
O efeito placebo tem sido documentado praticamente desde o início da
medicina. Os placebos são também vitais para a investigação sobre novas drogas
ou tratamentos, e em geral os cientistas têm documentado que de 30% a 40% dos
pacientes relatam sentir-se melhor ou mostram melhora documentada dos sintomas,
mesmo sem saber que estão tomando um placebo.
É considerado antiético, no entanto, dar a um paciente placebo como parte do
tratamento médico padrão, e não lhes dizer que é apenas uma pílula de açúcar. A
maioria das pessoas crê que o placebo não funciona se o paciente sabe que é um
placebo.
Para testar essa crença popular, Kaptchuk e seus colegas recrutaram 80
pacientes com síndrome do intestino irritável – uma condição crônica
caracterizada por dor abdominal – para receberem placebo ou nada durante três
semanas e serem cuidadosamente monitorados. Os que receberam placebos foram
lembrados que estavam tomando pílulas totalmente inertes.
“Me senti estranho com pacientes pedindo para literalmente tomar placebo.
Para minha surpresa, no entanto, a pílula inócua funcionou para muitos deles”,
disse Anthony Lembo, um perito que trabalhou no estudo.
O estudo foi financiado pelo Centro Nacional para Medicina Complementar e
Alternativa dos Estados Unidos.
Fonte iG
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