Foto: Charles Guerra / Agencia RBS Pesquisa acompanha 4,3 mil jovens pelotenses desde que nasceram, em 1993, e o resultado foi publicado em revista científica americana |
Divulgada ontem no norte-americano Journal of Adolescent Health, uma das publicações mais importantes de saúde mundial, a pesquisa com adolescentes nascidos em 1993 em Pelotas, no sul do Estado, alerta para o lado negativo do excesso de tempo destinado às práticas esportivas.
Segundo os pesquisadores do Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), estudantes entre 11 e 15 anos que dedicaram mais de duas horas e meia por dia ao esporte tiveram índice maior de repetência escolar.
Em 2008, ao entrevistar mais de 4,3 mil jovens então com 15 anos, os cientistas depararam com uma estatística alarmante. Quase metade (47,5%) dos alunos já havia repetido de ano ou abandonado a escola ao menos uma vez entre os 11 e os 15 anos de idade. Destes, 64% que rodaram ou abandonaram a escola confirmaram praticar atividades físicas por mais de mil minutos por semana (equivalente a 16,7 horas semanais), considerado excessivo pela medicina esportiva.
A conclusão: adolescentes que exageram na atividade física têm 30% mais chances de ter um mau desempenho escolar. A explicação, segundo um dos coordenadores da pesquisa, Aírton Rombaldi, é simples: adolescentes que se dedicam excessivamente às práticas esportivas não têm tempo para estudar.
— Essa pesquisa tem que deixar claro que não é a atividade física que faz mal. Pelo contrário, temos várias pesquisas que comprovam que o exercício aumenta a capacidade cognitiva. O que prejudica o desempenho escolar, na verdade, é a falta de estudo. Em alguns casos, motivado por excesso de tempo destinado às atividades físicas — explica o pesquisador.
Para Pedro Curi Hallal, também pesquisador da Coorte — estudos que se baseiam na identificação de um grupo de indivíduos e no seu acompanhamento por um período de tempo —, a conclusão principal é que as atividades físicas devem ser praticadas com equilíbrio. Além disso, as conclusões do material deverão discutir a educação física escolar, que não entra como tempo destinado às práticas esportivas.
— Temos que reforçar a importância da participação das pessoas pesquisadas. É graças a elas que conseguimos os resultados e ajudamos a montar políticas para melhorar a situação — diz.
Para Charles Irwin, editor da publicação e pesquisador da Universidade da Califórnia, autoridades devem prestar atenção nos resultados e partir para as práticas de redução dos problemas:
— Os dados estão em mãos. É hora de trabalhar.
Além da pesquisa sobre desempenho escolar, a publicação traz outras análises do estudo de Coorte 1993, como a relação da atividade física com o desempenho respiratório, inclusive premiada na Sociedade Europeia Respiratória, e índices de auto-medicação (veja no quadro ao lado). Os números mostram, por exemplo, que as meninas pesquisadas utilizam remédio sem prescrição médica com 30% mais frequência do que os meninos.
Fonte Zero Hora
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