Rio de Janeiro – Médicos participaram ontem (16) de um protesto na Cinelândia,
região central do Rio, contra o Programa Mais Médicos, anunciado na semana
passada pelo governo federal, que prevê a contratação de médicos estrangeiros
para trabalharem na rede pública em periferias e no interior do país. Cerca de
100 profissionais ocuparam as escadarias da Câmara Municipal do Rio com cartazes
reivindicando mais estrutura nos hospitais.
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e o Sindicato dos
Médicos do Rio de Janeiro (Sindmed-RJ) defendem que os médicos estrangeiros
passem pela revalidação do diploma antes de serem contratados. Para a presidenta
do Cremerj, Márcia Rosa de Araújo, a população brasileira não pode ser
cobaia.
“Nós não temos nada contra trazer médicos estrangeiros, pelo contrário. Não
somos xenófobos, mas a gente precisa garantir que a qualidade vai ser mantida.
Temos que nos certificar que os médicos que virão têm qualificação para atender
o paciente. Trazer médicos de fora do país sem fazer a revalidação do diploma é
colocar em risco justamente a população que necessita do SUS [Sistema Único de
Saúde]”, disse.
De acordo com Márcia Rosa, os problemas na saúde pública não estão restritos
a contratação de médicos e a estrutura da rede precisa de maior atenção. “Nós
temos médicos que podem ir para o interior, só que o governo não dá condições de
trabalho, local para ele fazer minimamente um raio-x, um hemograma”,
argumenta.
O diretor do Sindmed-RJ, José Romano, disse que o principal objetivo da
manifestação é chamar a atenção dos parlamentares para a insatisfação da
categoria. “A motivação dos médicos no dia de hoje é dizer ao Congresso Nacional
que essa medida provisória [que implantou o Programa Mais Médicos] é um erro e
deve ser derrubada. Isso prejudica a população brasileira, inviabiliza a saúde
pública, economiza nos cofres públicos e não traz realmente o que o povo quer. A
população quer hospitais estruturados, uma equipe de saúde estruturada. Viemos
dizer aqui que a medicina brasileira é muito boa, o que não é realmente bom é a
gestão da saúde pública neste país”.
Para os médicos, o desinteresse da categoria em trabalhar na rede pública
está relacionada à falta de uma carreira de Estado e às péssimas condições para
exercício da profissão.
Fonte Agência Brasil
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