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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Droga reduz risco de câncer de próstata, mas é alvo de críticas

Mil e uma utilidades Para que a finasterida é usada
Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
Novos dados de um estudo sobre o uso da finasterida (remédio contra calvície) para prevenir o câncer de próstata reacendem o debate sobre a chamada quimioprevenção.
 
A pesquisa com 19 mil americanos e canadenses mostrou que o remédio, usado por homens saudáveis, reduz em 30% o risco desse câncer.
 
No entanto, o número de tumores agressivos foi maior no grupo que tomou a finasterida versus o placebo, e a mortalidade foi igual entre os dois conjuntos de pacientes.
 
Entre os efeitos colaterais do remédio estão a perda da libido e a disfunção erétil.
 
Esse é, na verdade, o segundo capítulo de uma pesquisa de 2003, a PCPT (Prostate Cancer Prevention Trial), que mostrava que a droga reduzia o risco de câncer, mas já apontava para a maior incidência de tumores agressivos entre os que usavam o remédio em vez do placebo.
 
Só que o acompanhamento dos pacientes por um período de sete anos não permitia concluir se a droga era a responsável pelo aparecimento desses tumores e se, a longo prazo, os pacientes que tomaram a finasterida teriam taxas menores de morte.
 
Uma versão atualizada desse estudo, publicada anteontem no "New England Journal of Medicine", com dados de 18 anos de seguimento desses pacientes, traz mais luz ao debate, mas ainda não é conclusiva sobre a indicação desse remédio, de acordo com especialistas.
 
O estudo mostrou que a droga reduziu ainda mais o risco de câncer de próstata (30% de redução, contra 25% em 2003), em especial os menos agressivos.
 
Mas os resultados mostram que o remédio reduz a mortalidade por câncer, principal objetivo de uma estratégia de quimioprevenção.
 
Outro problema ainda é o maior número de tumores agressivos encontrados entre os usuários do remédio.
 
Uma das explicações para isso é que a finasterida reduz a próstata, facilitando o encontro de tumores na biópsia, segundo Aguinaldo Nardi, presidente da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
 
Por isso, diz ele, não é preocupante que mais tumores agressivos tenham sido encontrados no grupo do medicamento. "O remédio reduz o risco de tumores de baixo grau e acha os de alto grau mais precocemente. É um resultado relevante."
 
Diretrizes 
Segundo Nardi, a SBU está debatendo se vai passar a recomendar o uso da finasterida para prevenção do câncer de próstata nos pacientes de alto risco. As novas diretrizes da entidade serão publicadas em outubro.
 
Em 2009, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica recomendou o uso do remédio para homens obesos ou com histórico familiar de câncer de próstata.
 
Mas, em 2011, a FDA (agência que regulamenta medicamentos nos EUA) negou a inclusão da quimioprevenção entre as indicações da droga por causa do maior número de tumores de alto grau.
 
Para Sami Arap, urologista do Hospital Sírio-Libanês, o estudo só gera controvérsias. "Você faz mais diagnósticos, mas não evita mortes."
 
Gustavo Guimarães, diretor do núcleo de urologia do A.C. Camargo Cancer Center, diz que não é possível concluir se a droga deve ser indicada para evitar câncer mas, como ela não aumenta a mortalidade, seu uso é seguro para tratar casos de crescimento benigno da próstata.
 
A quimioprevenção tem mais evidências de eficácia contra o câncer de mama --remédios como o tamoxifeno podem ser indicados se a mulher tiver histórico de doença na família ou certas mutações genéticas. Para prevenir o câncer de próstata, continua valendo a combinação de esportes e boa alimentação.

Folhaonline

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