Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress |
A pesquisa com 19 mil americanos e canadenses mostrou que o remédio, usado
por homens saudáveis, reduz em 30% o risco desse câncer.
No entanto, o número de tumores agressivos foi maior no grupo que tomou a
finasterida versus o placebo, e a mortalidade foi igual entre os dois conjuntos
de pacientes.
Entre os efeitos colaterais do remédio estão a perda da libido e a disfunção
erétil.
Esse é, na verdade, o segundo capítulo de uma pesquisa de 2003, a PCPT
(Prostate Cancer Prevention Trial), que mostrava que a droga reduzia o risco de
câncer, mas já apontava para a maior incidência de tumores agressivos entre os
que usavam o remédio em vez do placebo.
Só que o acompanhamento dos pacientes por um período de sete anos não
permitia concluir se a droga era a responsável pelo aparecimento desses tumores
e se, a longo prazo, os pacientes que tomaram a finasterida teriam taxas menores
de morte.
Uma versão atualizada desse estudo, publicada anteontem no "New England
Journal of Medicine", com dados de 18 anos de seguimento desses pacientes, traz
mais luz ao debate, mas ainda não é conclusiva sobre a indicação desse remédio,
de acordo com especialistas.
O estudo mostrou que a droga reduziu ainda mais o risco de câncer de próstata
(30% de redução, contra 25% em 2003), em especial os menos agressivos.
Mas os resultados mostram que o remédio reduz a mortalidade por câncer,
principal objetivo de uma estratégia de quimioprevenção.
Outro problema ainda é o maior número de tumores agressivos encontrados entre
os usuários do remédio.
Uma das explicações para isso é que a finasterida reduz a próstata,
facilitando o encontro de tumores na biópsia, segundo Aguinaldo Nardi,
presidente da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
Por isso, diz ele, não é preocupante que mais tumores agressivos tenham sido
encontrados no grupo do medicamento. "O remédio reduz o risco de tumores de
baixo grau e acha os de alto grau mais precocemente. É um resultado relevante."
Diretrizes
Segundo Nardi, a SBU está debatendo se vai passar a recomendar o uso da
finasterida para prevenção do câncer de próstata nos pacientes de alto risco. As
novas diretrizes da entidade serão publicadas em outubro.
Em 2009, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica recomendou o uso do
remédio para homens obesos ou com histórico familiar de câncer de próstata.
Mas, em 2011, a FDA (agência que regulamenta medicamentos nos EUA) negou a
inclusão da quimioprevenção entre as indicações da droga por causa do maior
número de tumores de alto grau.
Para Sami Arap, urologista do Hospital Sírio-Libanês, o estudo só gera
controvérsias. "Você faz mais diagnósticos, mas não evita mortes."
Gustavo Guimarães, diretor do núcleo de urologia do A.C. Camargo Cancer
Center, diz que não é possível concluir se a droga deve ser indicada para evitar
câncer mas, como ela não aumenta a mortalidade, seu uso é seguro para tratar
casos de crescimento benigno da próstata.
A quimioprevenção tem mais evidências de eficácia contra o câncer de mama
--remédios como o tamoxifeno podem ser indicados se a mulher tiver histórico de
doença na família ou certas mutações genéticas. Para prevenir o câncer de
próstata, continua valendo a combinação de esportes e boa alimentação.
Folhaonline
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