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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Cientistas avançam na compreensão do papel da insulina no Alzheimer

Neurônios afetados pela doença de Alzheimer apresentam diferenças sutis com os saudáveis, mas suficientes para causar uma doença que afeta a capacidade de memória e aprendizado. (Foto: Faculdade de Medicina de San Diego / Universidade da Califórnia / Nature / Divulgação)
 Foto: Faculdade de Medicina de San Diego / Universidade
da Califórnia / Nature / Divulgação
Toxinas são responsáveis por atacar a conexção entre os
neurônios na doença de Alzheimer
Drogas contra diabetes tiveram ação protetora no cérebro contra toxinas. Insulina e liraglutida foram usadas em roedores e macacos
 
Pesquisadores brasileiros conseguiram decifrar mais detalhes sobre o processo de perda de memória na doença de Alzheimer. Uma pesquisa publicada nesta terça-feira (3) na revista científica “Cell Metabolism” avançou na compreensão da relação entre a doença degenerativa e a ação da insulina no cérebro.

Os pesquisadores testaram o uso de duas drogas atualmente indicadas para o tratamento de diabetes – a insulina e a liraglutida (de nome comercial Victoza) – em roedores e macacos e avaliaram seu efeito no cérebro dos animais. A conclusão foi que as substâncias têm efeito protetor em relação aos mecanismos que levam à perda de memória na doença de Alzheimer.

Uma das autoras do estudo, a pesquisadora Fernanda de Felice, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta que seu grupo já realiza comparações entre o mecanismo do Alzheimer e do diabetes desde 2007. “Nossos trabalhos mostram que os mesmos problemas que causam o diabetes estão afetando também o cérebro. O Alzheimer é como uma forma de diabete que acontece no cérebro”, compara a cientista.
 
Isso se dá porque a insulina, além de regular a quantidade de glicose no sangue, é um hormônio importante para a memória, capaz de proteger os neurônios contra as toxinas que se acumulam no cérebro durante a doença de Alzheimer, segundo a pesquisadora. Essas toxinas atacam as sinapses, ou seja, as conexões entre um neurônio e outro, o que leva à perda de memória.

O estudo, liderado pela UFRJ, também teve colaborações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de instituições dos Estados Unidos e do Canadá, onde foram feitos os testes com macacos.

Atualmente, testes para avaliar a eficácia da insulina e da liraglutida em pacientes com Alzheimer estão sendo feitos nos Estados Unidos e no Reino Unido, respectivamente. “O tratamento nesse grupo não é igual ao do diabetes. Queremos que ele atue apenas no cérebro, por isso a forma de administração é intranasal, como um spray”, diz Fernanda.

Ela alerta que os medicamentos para diabetes não devem ser administrados para o tratamento de pacientes com Alzheimer, já que a estratégia ainda tem de passar por muitos testes antes de ser validada.
 
G1

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