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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tio salva vida de sobrinho de seis meses com transplante de fígado

Tio salva vida de sobrinho de seis meses com transplante de fígado Guilherme Santos/Agencia RBS
Foto: Guilherme Santos / Agencia RBS
O pedreiro Jonas da Cunha Weber, 23 anos, doou parte do
seu fígado para salvar a vida do sobrinho Raizo
Bebê Raizo Weber Stach nasceu com malformação congênita no órgão
 
— Agora, vocês irão se emocionar — anunciava a funcionária do Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre, enquanto encaminhava a equipe de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas pelos corredores que levavam à UTI. Ao entrar na sala, a constatação de que ela estava certa: o bebê Raizo Weber Stach, 6 meses, descansava tranquilo no colo no mãe, ainda com alguns aparelhos presos ao corpo, consequência de um transplante de fígado realizado há cinco dias. Ao lado deles, um dos protagonistas desta história: o pedreiro Jonas da Cunha Weber, 23 anos, tio de Raizo e doador do órgão que salvou a vida do sobrinho.
 
Raizo nasceu saudável. Era o segundo filho da frentista Andrea da Cunha Stach, 31 anos, e do eletrotécnico Gilmar Stach, 37 anos, moradores de Estrela. Com 15 dias de vida, Andrea percebeu que seu filho estava com a pele muito amarelada e as fezes, brancas. Procurou um pediatra na cidade, que indicou um banho de luzes. Não resolveu. Andrea buscou outro profissional, que suspeitou de hepatite, também sem sucesso.
 
Quando Raizo já estava com mais de dois meses de vida, foi encaminhado para a equipe da Santa Casa de Porto Alegre. Foram pelo menos 20 dias de exames e acompanhamento até o diagnóstico: atresia biliar, uma doença que provoca a perda da função hepática e pode evoluir para cirrose. Somente o transplante de fígado poderia salvar a vida da criança.
 
Mas Raizo não tinha tempo. Encontrar um doador com o tamanho certo do fígado e compatibilidade sanguínea seria muito difícil. Era necessário realizar um transplante de intravivos, com o doador ainda em vida. A cesária feita pela mãe e a presença de anticorpos de hepatite no organismo do pai impediram que eles fossem os doadores. Diante desta situação, Jonas não hesitou.
 
— Eu me ofereci na hora para ser o doador. Estava pronto para ajudar. Algo me dizia que iria dar certo, não tive medo — conta.
 
O transplante aconteceu na sexta-feira, dia 13, no Hospital Dom Vicente Scherer. O procedimento durou 10 horas e envolveu mais de 40 profissionais. Nesta quarta-feira, apenas cinco dias após a cirurgia, Jonas já recebeu alta. Raizo foi encaminhado para o quarto e deve sair do hospital em duas semanas.
 
— É muito emocionante — resumiu Andrea, entre lágrimas, na presença do irmão e do filho.
 
O transplante de Raizo significa um marco para a equipe da Santa Casa de Porto Alegre. O procedimento consolida o complexo como o segundo maior centro de transplantes intravivos pediátricos no país, atrás somente do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, parceiro da Santa Casa. A partir do caso de Raizo, a equipe se torna apta a inserir este procedimento em sua rotina. A meta é realizar um por mês em 2014, todos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde.
 
— Raizo é a menor criança do Estado e certamente uma das menores do país a receber um órgão. É muito bom ver um caso como este, quase irreversível, que teve um final feliz por causa de ato magnânimo do seu tio — relata o coordenador cirúrgico dos transplantes hepáticos pediátricos da Santa Casa, Antonio Nocchi Kalil.
 
A coordenadora clínica dos transplantes hepáticos pediátricos da Santa Casa, Cristina Targa Ferreira, também comemora o sucesso do procedimento:
 
— Realizamos um trabalho árduo para concretizar este programa. Quando vemos um desfecho feliz, com o Raizo e o Jonas bem, ficamos emocionados. É o melhor presente de Natal que a nossa equipe poderia ganhar — declara.
 
O que é atresia biliar
A atresia biliar, ou atresia das vias biliares, é uma doença que causa a obstrução dos canais biliares, impedindo o fígado de se comunicar com o restante do organismo.
 
Se diagnosticada antes dos dois meses de vida da criança, é possível realizar uma cirurgia que melhora o quadro retarda ou até elimina a necessidade de transplante. Quando o diagnóstico ocorre depois desse período, o transplante de fígado é a única saída. Sem o procedimento, a taxa de mortalidade é de 100% antes mesmo da criança completar um ano.
 
Por isso, é fundamental ficar atento aos sintomas: pele e olhos amarelados (conhecido como amarelão) e fezes esbranquiçadas. Se a família perceber estes sintomas até os 15 dias de vida do bebê, é necessário procurar um médico e realizar um exame de sangue para iniciar o diagnóstico da doença.
 
Zero Hora

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