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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Brasileiros têm visão equivocada sobre câncer, aponta Datafolha

Foto: Reprodução
Visão fatalista da população em relação à doença não
retrata a realidade
Visão fatalista da população em relação à doença não retrata a realidade. Estudo evidencia o desconhecimento sobre riscos e modos de prevenção
 
Há um grave desconhecimento da população brasileira sobre os fatores de risco e dos recursos disponíveis para prevenção e tratamento do câncer, assim como impera uma visão fatalista da doença, creditada como a principal causa de morte no País – quando na verdade os problemas cardiocirculatórios lideram a lista. É o que aponta uma pesquisa do DataFolha, feita em parceria com o Instituto Oncoguia e a American Cancer Society.
 
Foram ouvidos, em agosto de 2013, 2571 brasileiros distribuídos em 159 municípios de todas as regiões, de acordo com a proporção demográfica do País. O objetivo era simples: saber a quantas anda o conhecimento da população sobre o câncer. A visão bastante negativa da doença ficou muito clara: o câncer foi citado por 59% como a principal causa de morte por doença no País, seguido pela aids (HIV), com 17%. Segundo o Ministério da Saúde, no entanto, a realidade é bastante diferente, e os problemas cardiocirculatórios são o principal vilão, com 31%. O câncer responde a 17% das mortes.
 
“Estes resultados corroboram a crença de que o câncer está atrelado à morte”, disse o oncologista e diretor científico do Instituto Oncoguia, Rafael Kaliks, durante o IV Fórum de Discussão de Políticas Públicas em Oncologia, realizado nesta quarta-feira (5) em São Paulo. Para ele, há um desconhecimento sobre a importância da prevenção e da eficácia dos tratamentos disponíveis. E essa falta de informação “independe de sexo, faixa etária, escolaridade, classe econômica, região, tipo de município, se rural ou urbano…”.
 
Quando perguntados sobre os tipos de câncer mais comum, os entrevistados apontaram, na ordem, mama, próstata, pulmão e pele, mostrando “uma desinformação extraordinária, pois o câncer de pele é o mais comum, depois próstata e mama”, explicou Kaliks. Outro ponto grave é o desconhecimento sobre os fatores de risco: para 44% dos entrevistados o maior vilão é fumo, seguido por fatores genéticos (12%), o consumo de alimentos industrializados (11%) e exposição ao sol sem proteção (9%). Infecção pelo vírus HPV foi citado por 18%, mas por poucos como principal fator de risco.
 
Para Kaliks, as pessoas não associam os fatores de risco com o incidência de câncer. E é grave que apenas 11% atribuam risco à obesidade. “Conseguiríamos reduzir a incidência de câncer em 40% se eliminássemos a tríade tabagismo, alcoolismo e obesidade”, disse Kaliks durante o Fórum, citando diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS).
 
Rotina duvidosa
O estudo também buscou verificar que parcela da população costuma fazer exames de prevenção, como papanicolau, mamografia, toque prostático e colorretal. Entre as mulheres, 67% responderam que fazem o papanicolau rotineiramente, e uma parcela ainda maior (74%) disse afirmou fazer mamografias rotineiramente. “Talvez tenhamos cometido um erro no estudo ao não definir quanto tempo corresponde a esta ‘rotina’”, disse Kaliks. “Sabemos que estes números não são reais.”
 
Para o médico, e de acordo com os números divulgados pelo Ministério da Saúde, os números verificados na pesquisa estão superestimados. Por exemplo: 55% dos homens acima de 50 anos disseram fazer rastreamento por PSA ou toque para detecção do câncer de próstata, o que nem de perto corresponde à realidade. Outros 29% dos entrevistados disseram fazer exames colorretais de rotina. “Os números hiperestimados mostram que as pessoas sequer sabem o que é fazer um exame de rotina”, disse o oncologista.
 
Resolver a situação exige campanhas de esclarecimento, mostrou o estudo. Entre os ouvidos, 98% disseram que é importante divulgar nos meios de comunicação mais informações sobre prevenção e tratamento do câncer. As melhores formas de fazer isso seriam via programas de TV (disseram 62%) e aulas nas escolas (33%). “É necessário falar com a população. Estamos vivendo um tsunami de câncer nas próximas duas décadas e temos que enfrentar isso de frente”, ponderou Kaliks.

SaudeWeb

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