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quarta-feira, 5 de março de 2014

Entre o câncer e o déficit de vitamina D, médicos recomendam suplemento

 A suplementação é o melhor remédio em caso de déficit
de vitamina D
Reumatologistas e dermatologistas recomendam suplementação diária. Sol é indicado como medida de prevenção, não quando já há carência
 
Apesar de dermatologistas e reumatologistas eventualmente discordarem sobre se é melhor usar protetor solar o tempo todo e evitar um câncer de pele no futuro ou se é preferível expor o corpo alguns minutos por dia e prevenir a osteoporose, as duas sociedades médicas concordam em um ponto: a suplementação é o melhor remédio em caso de déficit de vitamina D.
 
Isso porque não há consenso sobre o tempo mínimo de sol necessário para corrigir uma eventual deficiência. O sol nos braços e pernas antes das 10h da manhã, portanto, funciona mais como fator de prevenção, e não de correção.
 
“Dizer que tomar sol de 15 a 20 minutos por dia é suficiente para obter vitamina D não é certo, pois isso depende de fatores como idade, cor da pele, poluição do ar, estação do ano e se o país está perto do Equador”, explica a reumatologista Rosa Pereira, presidente da Comissão de Osteoporose e Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
 
Alguns pacientes também não podem se expor aos raios ultravioleta (UV) porque são muito idosos, têm doenças de pele, problemas autoimunes, pele branca demais ou antecedentes familiares. “Se o nível de vitamina D estiver muito baixo, o médico solicita suplemento em gotas ou cápsulas. Caso esteja perto do limite, não precisa de remédio”, diz Rosa.
 
Nos três primeiros meses, é aplicada uma dosagem mais alta, depois uma menor, e aí o exame de sangue é refeito – geralmente, após uma dosagem de 800 a 1.000 unidades de vitamina D por dia. O acompanhamento pode ser realizado com um reumatologista, um endocrinologista ou um clínico geral.
 
O que é déficit?
A própria questão do que é considerado carência de vitamina D é controversa: enquanto os reumatologistas fixam 30 nanogramas/ml como limite, os dermatologistas trabalham com 20 nanogramas/ml.
 
“Esse valor menor é o que o Instituto Americano de Medicina estabelece como suficiente. Trinta é demais”, afirma o dermatologista Marcus Maia, coordenador do Programa Nacional de Controle do Câncer da Pele, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Segundo ele, a entidade vai se manifestar para que os laboratórios do país reconsiderem esse parâmetro.
 
Em 2005, Maia coordenou uma pesquisa com 50 pacientes com melanoma e outros 50 saudáveis que tomavam sol, e chegou à conclusão de que os dois grupos tinham níveis semelhantes de vitamina D, mesmo o primeiro não podendo se expor diretamente aos raios UV.
 
“O pouco de radiação que eles recebiam, pela falta de bloqueio total do filtro, já era suficiente para sintetizar a substância”, diz o médico.
 
Na opinião do dermatologista, precisa haver um fórum interdisciplinar para discutir a questão da vitamina D e chegar a uma conciliação das classes.
 
“Quando o paciente fica com duas orientações diferentes, é ele quem sofre. Não podemos ter opiniões diversas. E os dermatologistas não podem ser culpados pelos casos de osteoporose no mundo”, ressalta.
 
Osteoporose
Maia também destaca que a vitamina D não é a única substância responsável pela prevenção da osteoporose. “A pessoa precisa ter um nível de cálcio bom, além de fígado, rins e absorção intestinal em pleno funcionamento”, enumera.
 
Segundo a reumatologista Rosa Pereira, 80% do problema depende de influência genética, de uma exposição solar insuficiente na infância e adolescência e da baixa ingestão de leite e derivados – grupo alimentar cuja recomendação diária o brasileiro tem mais dificuldade de alcançar.
 
A incidência de déficit de vitamina D entre homens e mulheres é semelhante. Já no caso da osteoporose, a prevalência é maior nas representantes femininas. “A mulher tem maior perda óssea após a menopausa, principalmente nos primeiros cinco a oito anos depois da última menstruação”, explica a médica.
 
“Panaceia universal”
Na opinião do dermatologista Marcus Maia, a vitamina D é a nova “panaceia universal”, ou seja, um remédio contra todos os males. Isso porque a substância tem sido usada nos mais diversos testes científicos, desde os que querem achar a cura para o câncer até os que pretendem prevenir problemas cardiovasculares, tuberculose ou esclerose múltipla.
 
“O Instituto Americano de Medicina examinou todos os trabalhos sobre vitamina D nos EUA e descobriu que eles são inconclusivos e inconsistentes”, afirma.
 
Para a dermatologista Márcia Purceli, do Hospital Albert Einstein, a vitamina D só virou “febre” no mundo inteiro porque é possível dosá-la no sangue. Na verdade, o que se verifica na corrente sanguínea é a quantidade de hormônio da paratireoide (paratormônio ou PTH), cujo nível aumenta quando há deficiência de vitamina D – já que é ele o responsável por retirar o cálcio dos ossos para jogar no sangue e cumprir as funções metabólicas necessárias.
 
“Se as outras vitaminas, como A, C e E, pudessem ser dosadas, certamente haveria novos booms”, diz Márcia. Atualmente, só são quantificadas no sangue a vitamina D e as do complexo B.

G1

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