Foto: Genaro Joner / Divulgação O grupo de maior risco foi aquele que teve câncer de pele antes dos 25 anos de idade |
Se você ainda não está convencido que é preciso se proteger do excesso de sol, um estudo publicado online nesta semana na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention vai te dar mais um motivo: a pesquisa descobriu que pessoas jovens que tiveram câncer do tipo "não melanoma" causado pela exposição solar têm mais chance de desenvolver outros tipos de câncer no decorrer da vida.
O estudo avaliou mais de 500 mil pessoas com histórico da câncer de pele e outras 8,7 milhões sem passado da doença, com seguimento de 5 a 6 anos. O grupo com histórico positivo teve maior chance de ter câncer de bexiga, cérebro, mama, cólon, fígado, pulmão, próstata, pâncreas e estômago.
O grupo de maior risco foi aquele que teve câncer de pele antes dos 25 anos de idade, com até 53 vezes mais chances de ter câncer ósseo, 26 vezes mais leucemias, 20 vezes mais tumor cerebral e 14 vezes mais outras forma de câncer, quando comparado ao grupo controle (que não tinha histórico da doença).
— O risco para o desenvolvimento de qualquer tipo de câncer subsequente ao do tipo não melanoma diminui significativamente com o aumento da idade: 23 vezes maior risco para aqueles com menos de 25 anos de idade, 3,52 para aqueles entre 25 e 44 anos de idade, 1,74 para quem tem entre 45 e 59 anos de idade, e 1,32 para pessoas com mais de 60 anos — explicou o principal autor do estudo e professor de Medicina na Universidade de Melbourne, Rodney Sinclair.
De acordo com o oncologista e pesquisador do Instituto do Câncer Mãe de Deus Stephen Stefani, medidas preventivas como evitar álcool, tabagismo e exposição inadequada ao sol ainda são a melhor estratégia. Quando a prevenção falha, a detecção precoce e agilidade no encaminhamento do tratamento são fundamentais para aumentar a chance de cura.
Segundo o autor do estudo, a detecção precoce do câncer através da triagem de pessoas de pessoas que não apresentam sintomas funciona melhor quando pode ser direcionada para aqueles com maior risco.
— Nosso estudo identifica as pessoas diagnosticadas com câncer não melanoma em tenra idade como sendo de maior risco para desenvolver a doença e, portanto, como um grupo que poderia beneficiar de triagem — disse Sinclair.
O oncologista Stefani também chama a atenção para possível questão genética envolvida. A médica geneticista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Patrícia Ashton-Prolla, ressalta a relevância do tema, uma vez que a identificação de pessoas com predisposição genética ao câncer antes do diagnóstico do tumor permite a realização de aconselhamento genético e encaminhamento para programas de redução do risco.
Em relação a pacientes com câncer de pele, alguns achados alertam para a possibilidade de haver predisposição genética: diagnóstico de câncer de pele antes dos 40 anos de idade, tumores de pele em áreas não expostas ao sol, presença de múltiplos tumores de pele e vários familiares com tumor de pele em idade jovem.
Nesses casos, os riscos do ambiente, como a exposição excessiva e desprotegida ao sol, podem exacerbar um risco genético pré-existente. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), 14 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer todo ano no mundo, sendo 60% dos casos em países pobres. Só no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 576 mil novos casos em 2014. Até 2030, especialistas assinalam que o câncer será a principal causa de morte no mundo, ultrapassando as doenças cardiovasculares.
Zero Hora
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