AP
No Brasil, a Anvisa proíbe, desde 2009, a venda e importação
do cigarro eletrônico
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Em carta aberta, mais de 50 pesquisadores e profissionais de saúde estão apelando à Organização Mundial de Saúde (OMS) para que "resista à ânsia de controlar e suprimir o uso de cigarros eletrônicos". A carta diz que os aparelhos "podem ser uma "inovação significativa para a saúde".
Mas instituições ligadas à saúde, entre elas a Faculty of Public Health - a Faculdade de Saúde Pública da Grã-Bretanha - dizem que ainda é cedo demais para sabermos se os benefícios da tecnologia superam os possíveis riscos. A OMS disse que ainda não decidiu que recomendações fazer a governos sobre a questão.
O cigarro eletrônico é uma engenhoca que substitui a combustão do tabaco e de outras substâncias pela queima de nicotina líquida, transformando-a em vapor. O usuário pode escolher o nível de concentração da substância e os ingredientes que quer misturar ao produto.
No Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária, Anvisa, proíbe, desde 2009, a venda e importação do cigarro eletrônico. A proibição se baseia na ausência de comprovação científica a respeito da qualidade e dos possíveis efeitos do produto sobre a saúde.
Carta Aberta
A carta foi divulgada em antecipação a importantes negociações internacionais sobre políticas em relação ao tabaco que devem acontecer neste ano.
Grupos favoráveis ao cigarro eletrônico argumentam que o produto oferece uma opção de baixo risco para fumantes. Eles temem que os aparelhos sejam alvo de controle excessivo e que sejam excluídos de campanhas publicitárias.
Na Grã-Bretanha, houve grande crescimento no mercado de cigarros eletrônicos, mas autoridades de saúde no país dizem que eles não são isentos de riscos.
Um relatório encomendado recentemente pela Saúde Pública da Inglaterra disse que cigarros eletrônicos requerem "monitoramento cuidadoso e controle de riscos" para que seus benefícios sejam maximizados.
A carta foi assinada por 53 pesquisadores - entre eles, especialistas em políticas de saúde pública e especialistas como Robert West.
West publicou um estudo na semana passada que concluiu que cigarros eletrônicos têm mais probabilidades de ajudar uma pessoa a abandonar o fumo do que alguns métodos convencionais.
Outros especialistas que assinam a carta trabalham em pesquisas sobre a ciência do tabaco e a supressão do hábito de fumar.
A carta diz: "Estes produtos podem estar entre as mais significativas inovações para a saúde do século 21 - salvando, talvez, milhões de vidas". "Se os reguladores tratarem produtos de nicotina de baixo risco da mesma forma como tratam produtos de nicotina tradicionais (...) estarão, erroneamente, definindo esses produtos como parte do problema".
"Os reguladores deveriam evitar dar apoio a medidas que poderiam ter o efeito perverso de prolongar o consumo de cigarros".
"A classificação desses produtos como tabaco nos preocupa bastante e pode trazer mais danos do que benefícios".
"O potencial de produtos que diminuem os efeitos danosos do tabaco na redução do do fardo de doenças associadas ao fumo é muito grande".
Os envolvidos na elaboração da carta citam um documento interno da OMS que se refere a cigarros eletrônicos como uma "ameaça (...) que pode resultar em uma nova onda da epidemia de tabaco".
O tratado da OMS para o controle do tabaco cobre atualmente 178 países e 90% da população.
Cigarros eletrônicos são movidos a bateria e tentam imitar a experiência do fumar convencional. Os usuários inalam vapor de um líquido aquecido que contém uma concentração de nicotina.
West, professor da University College London, em Londres, disse à BBC que esses produtos deveriam ser "regulamentados de maneira apropriada" e explicou que são muito mais seguros do que os cigarros convencionais.
Ele pediu "regulamentação sob medida", o que incluiria proibição de venda para menores de 18 anos e publicidade direcionada para os que já são fumantes.
Críticos
Um porta-voz da OMS disse que a organização "está trabalhando atualmente nas recomendações sobre regulamentação e marketing de cigarros eletrônicos".
"Também estamos trabalhando com órgãos nacionais de regulamentação para considerar as opções regulatórias e com especialistas em toxicologia para compreendermos melhor o possível impacto dos cigarros eletrônicos e aparelhos similares sobre a saúde".
A British Medical Association (Associação Médica Britânica, BMA, na sigla em inglês) pediu que os aparelhos sejam melhor regulamentados na Grã-Bretanha.
A diretora da entidade, Vivienne Nathanson, disse à BBC que há evidências de que crianças que nunca fumaram estão começando a usar cigarros eletrônicos, influenciadas por campanhas de marketing.
"Como os cigarros na década de 50 e 60, realmente precisamos ficar atentos a isso e, eu acredito, proibir (a propaganda) para impedir que sejam anunciados de uma forma que atraia as crianças", ela acrescentou.
Outro especialista, o professor Martin McKee da London School of Hygiene and Tropical Medicine, disse que seria "prematuro" advogar o uso de cigarros eletrônicos até que sua segurança tenha sido estabelecida.
BBC Brasil / iG
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