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Banho para aliviar a dor, água quente nos pés para relaxar, massagens e a companhia de quem se ama podem ser algumas das melhores recomendações na hora de dar à luz. Práticas do parto humanizado, que durante anos foram relegadas ao esquecimento dentro de hospitais, têm voltado com força total nas instituições de saúde e, agora, com mais incentivos governamentais.
O Ministério da Saúde publicou nesta quarta-feira uma portaria que garante auxílio financeiro aos hospitais que cumprirem uma lista de práticas relacionadas ao parto humanizado, como oferecer um ambiente acolhedor à gestante e garantir o acesso livre, 24h por dia, dos pais ao recém-nascido.
Esses são alguns dos novos pré-requisitos para que um estabelecimento receba a classificação de Hospital Amigo da Criança e, com isso, um acréscimo no repasse pelos partos por meio do Sistema Unico de Saúde (SUS).
A resolução vem na carona de novas diretrizes, divulgadas também neste mês, para as maternidades do SUS que incentivam o contato aquecido pele a pele do bebê com a mãe e o estímulo à amamentação na primeira hora de vida.
Em Porto Alegre, há cinco hospitais credenciados como Amigo da Criança: Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Hospital Conceição, Hospital Fêmina, Complexo Hospitalar Santa Casa e o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Eles já seguem pelo menos parte dessa filosofia.
Conforme Maria Lúcia Rocha Oppermann, Chefe do Centro Obstétrico do Hospital de Clínicas, os procedimentos para melhorar o bem-estar das gestantes são vistos com bons olhos por médicos e estabelecimentos de saúde:
– As práticas que humanizam o parto são excelentes, mas é importante ressaltar que elas devem ser feitas dentro de um hospital, onde é possível agir rapidamente quando houver algum tipo de complicação com a mulher ou com a criança. Cada minuto é decisivo para a vida e a saúde do recém-nascido.
Entre as práticas oferecidas pelo Clínicas estão chuveiros, massagens e bolas de pilates para dar mais conforto e auxiliar na rotação do bebê no momento do parto. O mesmo ocorre com o Presidente Vargas e o Conceição.
Instituição reduziu cortes de períneo
Segundo o coordenador do Centro Obstétrico do Hospital Conceição, Claudio Campello, o atendimento diferenciado deve começar com o contato em tempo integral dos familiares com a criança.
— No Hospital Conceição, a criança permanece com a mãe por pelo menos uma hora após o parto, mesmo em casos de cesariana — afirma o médico, que destaca também a importância da presença de enfermeiras obstetras para um atendimento mais individualizado.
No Presidente Vargas, onde essas práticas foram adotadas há cerca de dois anos, a coordenadora de enfermagem do Centro Obstétrico da instituição, Fabiane Steffens, os resultados se mostram em números.
— Conseguimos uma redução no corte do períneo, realizado para facilitar a passagem do bebê no parto, de 15% nos últimos dois anos — afirma Fabiane.
Como ser amigo da criança
Critérios que passam a fazer parte das regras para a rede credenciada de Hospitais Amigos da Criança, segundo o Ministério da Saúde:
— Garantir que mães, pais ou responsáveis tenham acesso livre ao recém-nascido, 24h por dia, dentro do hospital, mesmo que os bebês estejam na UTI Neonatal. Hoje, há casos em que o número de horas é restrito após o nascimento.
— Garantir à mulher o direito de escolher um acompanhante que ofereça apoio físico e emocional durante o trabalho de parto.
— Disponibilizar variadas formas não medicamentosas de alívio da dor, como banheira ou chuveiro, massagens, bola de pilates, compressas quentes ou frias, entre outras técnicas.
— Oferecer à mulher líquidos e alimentos leves durante o trabalho de parto.
— Ofertar cuidados para reduzir as chances de ter de submeter a mulher a procedimentos invasivos como a indução do parto, o parto cesariano e episiotomias (corte do períneo).
— Garantir à mulher ambiente tranquilo e acolhedor, com privacidade e iluminação suave.
— Caso seja da rotina do estabelecimento de saúde, autorizar a presença de doula comunitária ou voluntária em apoio à mulher.
Zero Hora
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