Eduardo Enomoto/R7 - Cuidar do corpo é importante, mas sem exageros |
Especialistas reforçam que genética e hábitos saudáveis são responsáveis pelo "corpo perfeito"
Cuidar do corpo, se preocupar com os quilinhos extras ou ser adepto do
exercício físico para deixar a silhueta definida e com curvas não traz
nenhum prejuízo à saúde, “desde que estes cuidados pessoais façam parte
de uma rotina de vida saudável e sem exageros”. O alerta é do psicólogo
Niraldo de Oliveira Santos, da Divisão de Psicologia do HC (Hospital das
Clínicas).
— O cuidado com o corpo proporciona bem-estar e eleva a autoestima. No
entanto, o exagero pode prejudicar o cotidiano, comprometer a saúde
mental e desencadear algumas doenças.
Segundo o especialista, o primeiro sinal de alerta é quando há o
descontentamento constante com a imagem e a busca pelo corpo perfeito (e
da moda) passa a ser prioridade e ocupar a maior parte do tempo da
pessoa.
— Gastar boa parte do dia observando o corpo em superfícies refletoras,
não necessariamente apenas espelhos, transformar a vida em contagem de
calorias, usar somente roupas apertadas ou largas, como moletons, e
beliscar a pele para checar se tem gordura são alguns sinais que
demonstram preocupação extrema com a imagem.
A insatisfação com o corpo pode levar ao desenvolvimento de transtornos
alimentares, de acordo com o psicólogo. Entre os mais comuns, estão
compulsão alimentar, bulimia, anorexia e vigorexia (viciados em academia
e anabolizantes).
— Os problemas não são específicos do universo feminino. Muitos homens
também podem apresentar os transtornos, que costumam começar na infância
ou adolescência e se estende para a vida adulta.
Segundo ele, a bulimia e anorexia são mais identificadas em mulheres
jovens, “embora nos últimos anos tenha se observado uma tendência em
crianças e homens”. Já a vigorexia é mais comum em homens e a compulsão
alimentar acomete ambos os sexos.
O psicólogo acrescenta que estes transtornos dificilmente aparecem
sozinhos, geralmente vêm acompanhados de outras doenças, sendo a
depressão a mais frequente.
— No caso de anorexia e bulimia, destaca-se também o alcoolismo e o uso
de drogas, assim como a vigorexia está associada aos anabolizantes.
O especialista do HC alerta que a anorexia é o transtorno psiquiátrico
que mais mata no Brasil e o índice de mortalidade é maior do que todas
as doenças psiquiátricas. A boa notícia é que todos os transtornos têm
tratamento, que vai desde psicoterapia e uso de medicação até
internação, nos casos mais graves.
Corpo artificial
Para alcançar o objetivo de um corpo sarado e cheio de curvas, homens e
mulheres recorrem não só aos exercícios físicos como também as
cirurgias plásticas e ao uso de suplementos e anabolizantes. Segundo a
endocrinologista Andressa Heimbecher, da SBEM (Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia), há limites para o corpo “crescer”.
— O corpo cresce até certo limite porque existe um fator genético que
deixa o músculo ir até aquele ponto. Depois disso, não adianta
anabolizante nem suplemento.
O excesso de malhação pode causar um estado de over training — ruptura
de fibras musculares que pode temporariamente sobrecarregar os rins,
explica a médica. Além disso, o exagero impede a recuperação do músculo
e, consequentemente, o resultado almejado.
— Sem falar que pode causar cansaço excessivo e fadiga crônica.
O educador físico André Roberto Grigoletto, acrescenta que "ao longo do
tempo alguns exercícios podem provocar problemas nas articulações e nos
músculos".
— A pessoa pode viciar no exercício, cada vez mais aumentar o peso e
fazer mais musculação sem dar o tempo necessário para o músculo
descansar e crescer. Para ter o resultado mais rápido, muitas vezes a
pessoa começa a utilizar anabolizantes.
Quando apenas o treino de musculação não é suficiente, muitas pessoas
lançam mão da suplementação de proteína, que “em excesso pode
sobrecarregar os rins, aumentando o risco de cálculos renais”. No caso
dos anabolizantes, as consequências para a saúde são ainda mais
drásticas, adverte Andressa.
— Além de câncer de fígado em ambos os sexos, as mulheres ainda podem
apresentar acne, queda de cabelo, crescimento de pelos pelo corpo e
diminuição da ovulação. Já os homens podem desenvolver atrofia nos
testículos, infertilidade e ginecomastia (aparecimento das mamas).
Outra consequência é que com a interrupção do consumo de anabolizante o
músculo para de se desenvolver e acaba “murchando”. Por isso, para
evitar todos estes problemas, os especialistas ouvidos pelo R7
concordam que recorrer aos hábitos saudáveis é fundamental para
atingir a meta do corpo perfeito. O psicólogo do HC reforça que
“investir na dieta da moda ou definir um padrão que não é compatível com
a sua constituição física são saídas equivocadas”.
R7
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