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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Novos Programas de Governo e Velhos Resultados para a Saúde da população

Os programas de campanha dos governos continuam sendo os mesmos que não resolveram os problemas da saúde pública do Brasil. Quem acredita que poderão resolver no futuro ?

Por Enio Salu 

Como é desagradável esperar alguns anos pelas eleições e se decepcionar novamente ao ver os programas de governo !

Nenhum alento, nenhuma luz no fim do túnel ... as mesmas pessoas, prometendo as mesmas coisas que não deram certo no passado.

Realmente é difícil entender a lógica: deve ter muita gente que acredita que o que se propõe dá resultado, porque os ‘marqueteiros de campanha’ costumam direcionar os programas de acordo com aquilo que as pessoas querem, senão ‘não dá voto’, e esta é a razão de afirmar que é difícil entende a lógica. A decepção vem da análise de que todos os partidos políticos, em todas as instâncias governamentais, não têm plano de governo desenvolvidos por técnicos que sabem o que é necessário para resolver os problemas – são panfletos de propaganda desenvolvidos por quem sabe o que ‘dá voto’. 

Por exemplo, escutamos: “Vamos inaugurar centros integrados de saúde, hospitais, centros de diagnósticos, etc., equipados com os mais avançados equipamentos”. Nas eleições passadas foi a mesma coisa. Não duvido mesmo se alguém disser que foi inaugurado 1 serviço de saúde para cada cidadão, mas duvido que 1 único cidadão realmente tenha sentido alguma melhora no sistema de saúde público. Então, por que acreditar que inaugurar mais hospitais é a solução para este sistema de saúde caótico ?

Escutamos: “Vamos contratar mais médicos”. Ouvimos isso também nas eleições passadas, e também não duvido que o número de médicos tenha sido multiplicado por mil, mas duvido que na prática isso significou melhoria na assistência dos pacientes do sistema público de saúde. Então também perguntamos: por que acreditar que contratar mais médicos é a solução para este sistema de saúde caótico ?

Poderia citar tudo que estão dizendo que vão fazer, e lembrar que já foi dito nas eleições passadas, e não deu resultado. Não há discurso de qualquer instância de governo que faça alguém acreditar que nosso sistema de saúde realmente evoluiu, quando analisamos o resultado para o maior necessitado: o paciente. Tudo o que está sendo proposto tem sido feito há décadas, e o resultado continua sendo um sistema de saúde público caótico!

Você conhece alguém, em qualquer cidade do Brasil, governada por qualquer partido político, que tenha abandonado seu plano de saúde porque o SUS passou a lhe atender de forma satisfatória ?

Fala sério !

Só conheço gente que troca a saúde suplementar pelo SUS quando falta dinheiro no bolso !!!

Dizer “vou construir mais hospitais’ é fácil, porque ‘dá voto’ e é barato. Dizer “vou fazer os hospitais funcionarem” com eficiência e eficácia, isso ninguém diz, porque ‘não dá voto’ e exige mais do que simplesmente ‘tirar dinheiro de um bolso e passar para outro’ ... exige esforço de gestão e abandono de qualquer tipo de interesse partidário ou individual.

Temos milhares de equipamentos públicos inaugurados nos últimos anos, e centenas em promessas de campanha. Cada um deles rotulado como ‘a solução para o nosso problema’, em pouco tempo após a inauguração se transforma em ‘um elefante branco’, ineficaz, ineficiente, sem gerar o resultado que a população necessita. Os programas de governo que vemos são apenas a continuidade da ‘reprodução de elefantes brancos em cativeiro’.

Quem é do ramo gostaria de ver programas de governo diferentes, por exemplo: comprometidos com a valorização dos profissionais que já estão nos hospitais existem, capacitando-os de forma adequada, e motivando-os a produzir mais. Como é ‘politicamente incorreto’ dizer durante a campanha que os funcionários públicos necessitam de capacitação, afinal de contas o ‘marqueteiro de campanha’ vai dizer que eles (os funcionários públicos que trabalham em hospitais) vão ficar ofendidos e não darão o seu voto, isso não entra no plano, mesmo não sendo verdade que eles ficariam ofendidos.

Quem não é do segmento da saúde não sabe o quanto os funcionários públicos da área da saúde entendem sua atual condição. Não sabem avaliar o quanto eles retribuiriam se o governo parasse de investir tanto em ‘concreto e argamassa’ e reservasse parte do orçamento para investir na capacitação e motivação para quem está diretamente envolvido na assistência ao paciente. Só quem convive com eles sabe a dificuldade que têm, e o que sentem ao constatar que os serviços de saúde privados oferecem muito mais condições de trabalho do que o governo lhes concede.

Neste ano mais uma vez tive a benção de poder atuar profissionalmente dando aulas em cursos para algumas centenas de profissionais do segmento da saúde, sendo quase a metade formada por profissionais que atuam em hospitais públicos e santas casas. Digo ‘a benção’ porque me considero privilegiado em poder ajudar na capacitação em gestão de profissionais que, além de necessitar muito do conhecimento que é passado, agradecem a rara oportunidade de poderem se atualizar.

A maioria absoluta destes profissionais de saúde presentes nos cursos não esteve lá porque um programa de governo assim definiu: esteve lá porque um administrador hospitalar, por sua conta e risco, tirou verba de algum outro recurso e julgou que capacitação é tão importante quanto, por exemplo, adquirir um novo equipamento de ultrassom. Infelizmente a raríssima capacitação dos profissionais que atuam no segmento público de saúde do Brasil é resultado da iniciativa de meia dúzia de administradores hospitalares visionários que têm coragem de ‘remar contra a maré’.

Capacitação é apenas um exemplo. Gostaríamos muito de ver programas de governo direcionados para a melhoria da gestão, a desburocratização, a humanização, a eficácia assistencial, a pesquisa, o desenvolvimento de produtos, a eficiência administrativa, e outras ‘coisinhas que não dão voto’, e os ‘marqueteiros de campanha’, por não conhecerem o segmento, não sabem avaliar o real potencial de resultado que podem trazer para a população. Não conseguem avaliar, por exemplo, que é muito melhor para a população aumentar o giro dos leitos existentes, do que aumentar o número de leitos.

Para cada hospital ‘bonitinho’ que se inaugura e ‘dá voto’, dezenas de outros que já existem vão sendo gradativamente negligenciados pela gestão pública da saúde: perdem para a iniciativa privada os médicos, enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, administradores hospitalares ... a gestão de materiais vai afrouxar, e começar a faltar medicamentos ... a gestão predial vai afrouxar e as coisas literalmente vão parar de funcionar ... o faturamento vai afrouxar e a receita vai começar a ‘minguar’.

Que pena que os programas de governo que estamos vendo: 

- Continuam tendendo à ‘importar jogadores argentinos’ ao invés de capacitar e motivar os nossos jogadores a ‘não irem atuar na Europa’; 

- Continuam pregando que o ‘futebol brasileiro’ vai melhorar porque temos meia dúzia de estádios novos ‘padrão FIFA’, ao invés de pensar que 99% dos jogos continuarão sendo jogados nos ditos ‘estádios ultrapassados’, ao ‘Deus dará’. 

Que pena que os programas de governo continuam sendo somente políticos e não especializados !

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