Secretário de Saúde: falta de leitos foi 'pico pontual'
Rio - Um dia depois que o DIA mostrou imagens de um grupo de mães com recém-nascidos no colo, se recuperando do trabalho de parto, acomodadas em cadeiras de plástico e sofás no corredor do Hospital Municipal Maternidade Fernando Magalhães, o prefeito Eduardo Paes disse que cobrou respostas da Secretaria Municipal de Saúde. “É inaceitável se isso for verdade. Pedi para que o secretário de Saúde dê satisfações à imprensa.”
Após ver as imagens, o secretário de Saúde Daniel Soranz
convidou a reportagem para visitar o hospital durante a tarde de ontem,
quando não foram encontradas grávidas nos corredores da unidade.
Cadeiras semelhantes estavam empilhadas num dos corredores, porém sem
uso. Ele garantiu que nenhuma gestante ficou sem leito.
“A gente vem avançando muito no
cuidado obstétrico, materno e infantil. Mas eu estou aqui hoje porque
achei muito preocupante a matéria. Não é uma realidade da nossa rede,
foi um pico de atendimento pontual”, justificou Soranz.
O secretário afirmou que o mês de
janeiro “é um mês clássico” e historicamente possui maior atendimento
para parto na cidade. “De dezembro a março a gente tem o ‘boom’, mas
janeiro é quando a gente tem o pico”, explicou.
Soranz percorreu a unidade para falar
com gestantes durante a tarde. “A secretaria está atenta, preocupada
com as gestantes e está aqui presente para remanejar para outras
maternidades mais vazias e garantir que todas as gestantes tenham o
melhor atendimento possível. Não há gestante sem leito, diferentemente
do que acontecia há alguns anos no Rio”.
A secretaria informou que qualquer paciente que
tiver problema de atendimento deve procurar as ouvidorias presentes em
todas as unidades e registrar as reclamações. “Na quinta e sexta não
recebi nenhuma reclamação no serviço”, afirmou Soranz.
Profissionais da unidade informaram, porém, que a situação de superlotação é recorrente e agravada pela falta de profissionais.
O vereador Paulo Pinheiro, membro da Comissão
de Saúde da Câmara Municipal, disse que nos plantões faltam obstetras.
“Tem que ter uma estrutura com médicos plantonistas. Essa é uma
maternidade que sempre foi uma das melhores do Rio”, disse. Ele informou
que na próxima semana visitará a unidade para acompanhar a situação.
Atendimento divide opiniões
O movimento na maternidade Fernando Magalhães
ontem demonstrava tranquilidade. A manicure Mercedes Silva Moraes, 27
anos, amamentava o filho nascido na sexta-feira quando o DIA visitou a
unidade. Ela contou que o trabalho de parto começou na quarta-feira à
noite, quando a bolsa estourou e ela procurou atendimento na
maternidade. Os médicos, no entanto, disseram que ela podia aguardar o
parto em casa. Preocupada, Mercedes foi a outro hospital, que repetiu os
exames e a encaminhou novamente para a Fernando Magalhães na
quinta-feira. O parto foi normal. “Aí fui internada e foi rapidinho para
achar o leito”, afirmou.
A vendedora Renata Borges Barros (foto), 35
anos, estava na sala de pré-parto aguardando a chegada do sexto filho
quando conversou com a reportagem. Diagnosticada com gravidez de risco
devido a trombose, ela fez todo o pré-natal na unidade e elogiou o
serviço. “O atendimento foi ótimo. Fui muito bem tratada. Fiz todos os
exames aqui”, contou Renata, que também tenta fazer parto normal.
A recepcionista Thaís dos Santos, 23 anos,
porém, relatou que a cunhada que teve gêmeos na última semana enfrentou
dificuldades no atendimento. Internada no último sábado, Thaís diz que a
gestante ficou dois dias sem comer esperando a cesariana porque queriam
tentar induzir o parto normal.
“Só fizeram a cirurgia quando viram que um dos
bebês estava com baixo batimento cardíaco”, contou. Ela disse que o
irmão, pai dos bebês, chegou a procurar uma delegacia parar registrar
queixa do caso.
O Dia
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