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segunda-feira, 23 de março de 2015

Hiperacusia e misofonia: baladas, celulares e fones no volume máximo prejudicam audição e desencadeiam doenças

No Brasil, 48 milhões de pessoas são vítimas de zumbidos
 
A sonoridade em salas de cinema e o uso frequente de celulares e fones no volume máximo são algumas das situações cotidianas e atuais que colocam a audição em risco. Nem sempre é possível o som entrar por um ouvido e sair pelo outro, como diz o ditado popular.
 
Os médicos atestam que não adianta fazer ouvido de mercador, pois a exposição sonora excessiva pode trazer problemas graves. Nos consultórios, há um aumento na procura de pessoas que sofrem com hipersensibilidade auditiva e zumbidos. “Como os celulares são equipamentos relativamente recentes, não temos muitas pesquisas científicas que comprovem os malefícios. Mas é certo que as ondas eletromagnéticas influenciam a saúde dos ouvidos. O abuso no uso do celular e do fone expõem as pessoas ao excesso de som. A longo prazo, poderá ocorrer um comprometimento da audição”, afirma a otorrinolaringologista da Rede Mater Dei, Elizabeth Camargo Negri Flores.

Levantamento da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido (Apidiz), em parceria com o Instituto Ganz Sanchez, mostra que, no Brasil, há cerca de 48 milhões de pessoas com zumbido no ouvido. O número representa crescimento de 71,4% em relação aos 28 milhões estimados há quase 20 anos. “O aumento do nível de poluição sonora e a demanda reprimida, pois muitas pessoas desconheciam a existência desses transtornos, são as causas do aumento na procura dos consultórios”, diz Elizabeth.
 
Os problemas auditivos podem ser causados por infecções, exposição excessiva ao ruído e também pelo consumo de algumas substâncias, que excitam os neurônios na via auditiva. “O consumo de café, bebidas à base de coca, chocolates e alguns medicamentos deve ser evitado”, alerta a médica. Os zumbidos também podem ser sintoma de alguma doença de base, como diabetes, hipertensão, doenças de tireoide e de colágeno, como as escleroses múltiplas.
 
A hipersensibilidade auditiva se manifesta de diferentes formas – a hiperacusia, misofonia e audiofobia (veja quadro). Intolerância ao volume dos sons, a hiperacusia pode ser confundida com a superaudição.
 
A otorrinolaringologista e presidente da Apidiz , Tanit Ganz Sanchez, explica que, em pessoas com o problema, o incômodo com sons começa bem antes do que ocorreria na maioria das pessoas. Pode aparecer sozinho ou acompanhar o zumbido. “Para se ter uma noção, uma conversa em volume normal alcança de 60 a 70 decibéis. Nos casos mais graves, as pessoas sentem desconforto ao ouvir sons de 40 ou 50 decibéis”, diz. A hipersensibilidade dificulta uma vida familiar, profissional ou social normal.

A misofonia se caracteriza pelo estranhamento a alguns tipos de som, como passar a unha em um quadro negro ou ao latido de um cachorro. Tanit ressalta que a misofonia é mais recente e considerada doença psiquiátrica. “Os portadores reagem com muita raiva a esses sons, podendo chegar a agredir quem os produz”, diz.
 
A especialista afirma que há estudos que buscam entender se há um componente físico relacionado à dificuldade de manter atenção nas tarefas por causa de sons que a maioria consegue ignorar facilmente. O uso de fones pode agravar a situação. “O pior é que muitos portadores usam fone de ouvido com música alta para tentar encobrir esses sons repetitivos que incomodam, mas isso pode gerar dois problemas a médio prazo, como o zumbido e a perda auditiva”, reforça Tanit.

Baladas 
Os zumbidos podem acometer as pessoas em diferentes fases da vida. Trata-se de um som particular, percebido nos ouvidos ou na cabeça, especialmente no silêncio .“Temos pacientes de 5 anos a 100 anos. Qualquer um pode ter esse problema”, diz Tanit.
 
São sons que podem ser comparados com apitos, chiados, cigarras, grilos, panela de pressão e cachoeira. A especialista alerta que o zumbido geralmente reflete alguma perda auditiva, mesmo que leve. Pode comprometer o sono, a concentração na leitura, o equilíbrio emocional e até a vida social e familiar.
 
“O zumbido é bem comum depois da balada. Muita gente acha que é normal, porque pode desaparecer no dia seguinte, mas não é. É, de fato, indicativo que o ouvido não suportou o volume e o tempo daquela balada, mas ainda conseguiu se recuperar”, diz a médica. A persistências das baladas, segundo ela, leva o ouvido ao problema definitivo.

O diagnóstico é feito por meio de exame clínico. O tratamento é feito com o uso de medicamentos e por meio de treinamentos das vias auditivas. Elizabeth Flores alerta que a abordagem do zumbido é mais complexa e multidisciplinar. Dependendo da causa, o tratamento pode levar de seis meses a dois anos e meio. Os especialistas aconselham uma ida ao otorrinolaringologista ao menos uma vez por ano, mesmo quando não se tem nenhuma queixa.

Decibéis
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível máximo de audição tolerável, por no máximo duas horas contínuas, é de 70 decibéis. “A exposição a 100 decibéis é excessiva e pode causar danos, como perda auditiva e zumbido, mesmo com exposições curtas”, diz Elizabeth.
 
Alguns cuidados diários podem ajudar a manter a saúde dos ouvidos, como evitar exposição a ruídos, não usar cotonetes e também evitar substâncias que levam a excitação dos neurônios. “O consumo excessivo de açúcar, maus hábitos alimentares, dificuldade para iniciar o sono podem propiciar o aparecimento de zumbido ou aumentar a percepção desse som”, afirma a médica.
 
Saúde Plena

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