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segunda-feira, 23 de março de 2015

Tratamento para epilepsia baseado no metabolismo é descoberto no Japão

Medicamentos existentes atualmente não atendem à todos os pacientes
 
Um grupo de pesquisadores do Japão descobriu um tratamento para a epilepsia que se baseia no metabolismo, o que representa um grande avanço com relação ao tradicional enfoque neuronal desta doença, de acordo com um artigo publicado na revista “Science”.
 
No texto, os cientistas japoneses explicaram que esta via metabólica poderia levar ao desenvolvimento de novos remédios, dado que os tratamentos atuais não são efetivos para um terço dos pacientes. O novo tratamento foi conseguido a partir de outro descoberto na década de 20: a dieta cetogênica, que se baseia nas gorduras, limita carboidratos ao mínimo e alivia os casos de epilepsia resistente aos remédios. Com essa dieta, a principal fonte de energia do cérebro deixa de ser a glicose e passa a ser as cetonas.
 
Conforme o estudo, a inibição da enzima lactato desidrogenase (LDH), fundamental na comunicação metabólica entre os astrocitos e os neurônios, bloqueia a excitação neuronal e evita as convulsões em ratos com epilepsia. De acordo com o artigos dos pesquisadores, “os inibidores da LDH seriam os primeiros remédios antiepilépticos a imitar as dietas cetogênicas”.
 
Os pesquisadores testaram 20 medicamentos antiepilépticos e determinaram que apenas um, o estiripentol, inibiu a LDH até certo ponto. Em um estudo mais aprofundado do remédio, foi identificada uma subestrutura, o isosafrol, que inibe a produção do lactato. A pesquisa sugere que os derivados do estiripentol poderiam dar lugar a melhores tratamentos para a epilepsia resistente aos remédios.
 
A tese do estudo é que há provas suficientes de que “elementos não excitáveis” do sistema nervoso central (os astrócitos, o sistema vascular e o sistema imunitário) têm um papel mais importante do que se pensava até agora no tratamento da epilepsia. Aproximadamente, 1% da população mundial tem epilepsia, mas os remédios disponíveis atualmente só são efetivos para dois terços dos pacientes.
 
Os cientistas debatem, agora, se o enfoque do desenvolvimento de novos tratamentos tem que ser o tradicional, centrado nos neurônios, ou os que agem no metabolismo.
 
R7

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