O abuso da cocaína pode provocar danos no coração, como miocardite --que pode levar a um infarto--, muitas vezes sem que a pessoa apresente os sintomas, revela um estudo divulgado nesta segunda-feira pela publicação médica BMJ ("British Medical Journal").
Segundo os autores da pesquisa, as autópsias revelam que um em cada cinco viciados em cocaína tem miocardite --inflamação do miocárdio-- e acredita-se que um quarto dos infartos não mortais nas pessoas menores de 45 anos esteja associado ao consumo de cocaína.
Os especialistas revelam que a miocardite costuma provocar dores no peito e pode resultar em infartos mortais.
Os pesquisadores quiseram determinar se existiam provas tangíveis de danos ao coração entre os consumidores a longo prazo de cocaína que não tinham histórico de doenças coronárias, nem sintomas de problemas no coração.
Assim, fizeram um acompanhamento da saúde de 30 viciados na droga que a consumiam há anos e que tinham se internado em um centro de reabilitação.
No grupo havia 25 homens e cinco mulheres com uma idade média de 37 anos. Cerca de 20% deles estavam infectados com hepatite C ou com o HIV, revelou o estudo.
A metade dos viciados consumia também outras substâncias, como opiáceos e álcool, e tinha consumido durante uma média de 12 anos aproximadamente 5,5 gramas de coca por dia.
Os autores fizeram uma série de teste para detectar qualquer anormalidade na função do coração, como níveis de elementos químicos no organismo, testes físicos e ressonâncias magnéticas.
Embora a função do coração fosse normal em todos os casos, em 12 foram detectadas anomalias localizadas e uma alta prevalência (83%) de danos estruturais.
Quase a metade das pessoas examinadas apresentava edema do ventrículo inferior esquerdo, fato que foi associado a um maior consumo de cocaína.
As ressonâncias magnéticas também revelaram danos no tecido (fibrose) em 73% dos viciados na droga, possivelmente como resultado de um infarto silencioso.
Os pesquisadores lembram que o edema é sinal de um dano recente e reversível, mas que o mesmo não se dá com a fibrose.
Os autores constatam que o abuso de múltiplas drogas poderia ter contribuído para o tipo de dano detectado nos viciados em cocaína, mas advertem que isso não explicaria todos os casos.
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