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terça-feira, 21 de junho de 2011

Valor pago pelo SUS inviabilizou cirurgia de aneurisma cerebral

A redução do valor pago pelo SUS por uma minúscula espiral que oclui os aneurismas cerebrais inviabilizou a cirurgia no Brasil inteiro e colocou em risco iminente alguns milhares de pacientes que tem o aneurisma e que, sem a operação, estão sujeitos a derrame mortal ou, quando menos, incapacitante.

A denúncia é da Sociedade Brasileira de Neurorradiologia, segundo a qual os hospitais de todo o País deixaram de comprar as espirais destacáveis, assim que o SUS decidiu unilateralmente reduzir de R$ 2.200,00 para R$ 1.300,00 o valor com que reembolsa o insumo. O presidente da SBNRDT, Paulo Eloy de Passos Filho, explica que a cada ano eram feitas três mil cirurgias de oclusão de aneurisma cerebral por cateterismo e o aneurisma não operado que se rompe, causa mortalidade imediata de 40% dos pacientes e, dos sobreviventes, 50% ficam permanentemente incapaz de trabalhar.

O especialista explica que o aneurisma é uma dilatação de uma artéria num ponto em que a parede do vaso é mais fraca e forma como que uma bolha que, quando se rompe, causa o que o leigo chama de derrame e os médicos de AVC, acidente vascular cerebral.

Como o problema pode ocorrer em qualquer ponto do cérebro, conforme o caso o paciente falece imediatamente ou pode ficar com sequelas como perder a fala, a capacidade de andar, de enxergar ou de movimentar um braço. “Quando se detectava um aneurisma, a solução era cortar uma parte do osso do crânio para que, com o cérebro exposto, o cirurgião colocasse um clipe para bloquear a anomalia”, explica Paulo Passos.

Recentemente, porém, a operação passou a ser feita de forma muito menos invasiva e com menos riscos, com a introdução de um cateter num vaso da virilha, que o médico conduz até o aneurisma. A anonalia é preenchida com a estira metálica, uma espiral ou mola minúscula, pouco mais espessa que um fio de cabelo, fazendo a oclusão e impedindo que o sangue continue a circular por ele.

“O novo método é tão vantajoso e resulta mais barato, já que a recuperação é rápida e elimina a necessidade de UTI e da permanência por dias no hospital”, diz o médico, que nos últimos anos 40% dos aneurismas operados através do SUS o foram por essa técnica. Repentinamente, porém, o SUS cortou pela metade o valor pago pelo insumo e pior, “a decisão foi abrupta, tomada de cima para baixo sem nenhum aviso e nem qualquer tratativa com as empresas que ofereciam no Brasil o produto, que é importado”, o que resultou na impossibilidade de usar o recurso tecnológico, quando se trata de paciente do SUS.

Os neurorradiologistas foram informados de que o SUS tem determinado limite de gastos com neurocirurgia e reduziu o valor pago por economia, mas os cirurgiões consideram um erro grave. “Sem a cirurgia, uma parte dos pacientes vai morrer quando o aneurisma se romper e os que sobreviverem vão representar um imenso custo para o Governo, pois ficarão incapazes de trabalhar, precisarão de tratamento caro e que é apenas paliativo e passarão a viver de aposentadoria, onerando o INSS”.

Como o Brasil é carente de estatísticas, Passos cita os estudos norte-americanos e europeus que comprovam que a intervenção via cateterismo é mais cara vista isoladamente, mas a relação custo-benefício é extremamente favorável se for incluído no cálculo as diárias de UTI e hospital que deixam de ser gastas e a redução do risco do tratamento, pois o paciente volta logo para casa. Isso sem pensar na vantagem social, insiste o cirurgião, lembrando que o paciente operado pode voltar ao trabalho mais rápido e viverá saudável por várias décadas.

Por isso mesmo a SBNRDT apela ao SUS para que entre em acordo com os fornecedores dos materiais pois esta técnica representa um recurso salvador para os pacientes com aneurisma cerebral.

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