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terça-feira, 19 de julho de 2011

Elas fazem a vida ficar melhor em SP



Mulheres predominam no Programa de voluntários da Secretaria de Saúde, que ajuda de crianças a cães

Em São Paulo, ninguém tem tempo para nada. Mas há quem consiga encontrar espaço nas atividades do dia a dia para ajudar os outros e ganhar sorrisos, carinho ou simplesmente a satisfação por ter feito o melhor, sem cobrar nada por isso. Entre os voluntários espalhados pela capital paulista estão 735 pessoas de um programa da Secretaria Municipal de Saúde que ajudam como podem crianças, idosos e animais do Centro de Controle de Zoonoses.

O programa Voluntários da Saúde, coordenado pela secretaria, foi premiado internacionalmente no ano passado, durante o Encontro Sul-Americano de Recursos Humanos. Quase a totalidade dos participantes é formada por mulheres (90%), três quartos já passaram dos 40 anos e 60% dessas pessoas têm o ensino médio como escolaridade máxima.
A cabeleireira Kelly Lopes de Souza, de 35 anos, é uma delas. Pelo menos três vezes por semana, ela troca o salão de beleza por ‘lambidas’ de satisfação. É assim que os cães do CCZ agradecem cuidados e passeios desde dezembro de 2009, quando ela se tornou voluntária. “Costumo dizer que eu sou do setor de paparicação. Cachorro quer atenção. Eles ficam carentes enquanto não são adotados. Antes de ir embora, coloco cobertor, roupinha, principalmente agora no inverno”, afirma. “É uma terapia. Aqui não fico nervosa. Descarrego tudo. A cada lambida, esqueço alguma bronca que recebi no meu serviço.”

Não são apenas os animais que ganham com o trabalho voluntário. A estudante Angélica Maria Barbosa Camerino, de 25 anos, trocou o curso de Educação Física por Enfermagem e buscou no contato com as crianças a satisfação de que tanto precisava. É na brinquedoteca do Hospital Municipal Artur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, na zona sul, que ela se realiza duas vezes por semana. “Só pelo fato de amenizar os problemas das crianças já me sinto feliz. Elas sofrem muito, ficam ansiosas, chegam com uma carinha triste. Fico feliz por gastar o meu tempo investindo em outras vidas.”

Quem chega antes das 7 horas das quintas-feiras ao prédio do Atendimento Médico Ambulatorial (AMA) Fábio Gianotti, no Ipiranga, na zona sul, encontra Carmela Aparecida Rossatti, de 53 anos, abrindo as portas da unidade, bem-disposta e falante. Ela conversa, orienta, tranquiliza e faz amigos durante toda a manhã. “Os pacientes chegam tensos. Falo que aquilo não é nada, que já fiz o exame que eles vão fazer, que já passei pela experiência. Tem de dar uma quebrada no ambiente, que é de dor. É preciso trazer alegria.”

Um dos desafios é convencer quem frequenta a faculdade a investir sua boa vontade no auxílio ao próximo. “Nos Estados Unidos, 80% dos voluntários são universitários. Queremos que eles venham não só para cumprir um simples estágio, mas que participem e se envolvam pela importância da atividade em si”, afirma a gerente de Desenvolvimento de Projetos da Secretaria Municipal de Saúde, Cláudia de Crescenzo.

Segundo ela, o interessado em colaborar voluntariamente não pode exercer atividade relacionada diretamente à profissão que tem, porque isso envolveria acesso a informações restritas do paciente. Se é médico, não pode exercer a Medicina no programa de voluntariado. “Mas ele pode fazer atividades lúdicas em grupos e oficinas”. O trabalho voluntário não é remunerado.

Fonte Estadão

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