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domingo, 10 de julho de 2011

Jovens começam a fazer exames para se antecipar ao AVC e outras doenças

Houve um tempo em que homens e mulheres viviam, na melhor das hipóteses, por três décadas. A expectativa de vida da população das áreas mais desenvolvidas do planeta começou a mudar somente entre os anos de 1500 e 1900. De lá para cá, melhores condições de alimentação, de saneamento e o incontestável avanço da medicina contribuíram para que os indivíduos ultrapassassem a barreira dos 30. Atualmente, embora ainda sofra com mazelas praticamente erradicadas nos países mais desenvolvidos, o brasileiro vive, em média, 72.4 anos. Ainda estamos longe, porém, comparando com os japoneses, que normalmente chegam aos 82.6 anos e são os recordistas mundiais de longevidade.

Viver mais, no entanto, trouxe alguns desafios. Males neurológicos pouco relatados antigamente hoje são comuns e causam receio não apenas em idosos. Jovens que desejam escapar do acidente vascular cerebral (AVC) e de patologias que afetam a memória e a cognição passaram a procurar meios de se antecipar a tais ocorrências. Por isso, o checape neurológico tem conquistado quem pretende ir além dos 70 preservando, é claro, a qualidade de vida.

Para prevenir o AVC, que já lidera a lista dos males que mais matam no Brasil, médicos e pacientes têm à disposição exames cuja finalidade é averiguar o estado das artérias que levam sangue e oxigenação ao cérebro. A anamnese com neurologistas — histórico detalhado do paciente feito pelo especialista por ocasião da consulta — também é importante para detectar sinais de perdas cognitivas, uma das características das demências.

O comprometimento da memória e outros problemas degenerativos também podem ser detectados em testes específicos. Para Maristela Costa, neurofisiologista do Hospital do Coração, em São Paulo, entender o funcionamento do cérebro e o envelhecimento cerebral ainda é um grande desafio para médicos e cientistas. Mas, os exames de neuroimagens estão, cada dia mais, contribuindo para desvendar melhor a estrutura mais complexa do corpo humano.

O primeiro passo da rotina do checape neurológico é a consulta detalhada com um neurologista e a avaliação neuropsicológica. “O eletroencefalograma com mapeamento cerebral, o doppler de carótidas e a angiorressonância de crânio são indicados depois da anamnese, dependendo da história e da idade do paciente. Com esses instrumentos, conseguimos diagnosticar precocemente os males comuns na população acima dos 50 anos”, especifica.

Segundo a médica, o declínio intelectual é esperado para todos os indivíduos que ultrapassam essa idade. O momento em que isso se dá, porém, é muito variável. “Em 50% dos casos, há uma evolução progressiva que alguns médicos acreditam poder ser retardada com exercícios específicos, alimentação e reabilitação psicomotora. São tentativas. Cientificamente, ainda não podemos provar que essa abordagem impeça a evolução para a demência”, enfatiza Maristela.

O neurologista Ricardo Teixeira pondera que a medicina é baseada em evidências. Ele entende que, por isso, o checape neurológico deve ser visto com cautela. “Recomendo que a investigação seja feita somente por aqueles com queixas que podem indicar um problema. Um paciente de 30 anos que não apresenta qualquer fator de risco não tem motivo para passar por exames tão detalhados”, pondera.

Melhor prevenir


No entanto, se o indivíduo apresenta hipertensão, é diabético, tem histórico familiar de AVC e infarto em parentes de primeiro grau é mais do que recomendado fazer um panorama funcional do cérebro à medida que a idade chega. De acordo com o médico, a investigação pode, sem dúvida, evitar o AVC. “Mas, os exames não previnem males degenerativos como o Alzheimer, por exemplo. Acredito que quando tivermos uma terapia que mude o curso natural de doenças como essa, e a ciência está bastante dedicada a isso, o checape ajudará muito mais. Hoje, a maioria delas evolui de qualquer forma, seja com um diagnóstico precoce ou não”, lamenta.

O radialista Edimar de Mattos, 31 anos, decidiu que era o momento para uma avaliação cerebral. Ele procurou um neurologista depois que um parente próximo morreu em decorrência de um aneurisma cerebral. “Fiquei muito assustado e achei que seria importante realizar alguns exames para ficar mais tranquilo ou, na pior das hipóteses, tentar reverter o quadro. Tenho sentido dores de cabeça constantemente. Mas acredito que seja o estresse do dia a dia e o momento que passei. No entanto, faço questão de tirar a prova”, comenta.

O neurologista Henrique Braga considera que depois dos 40 anos é interessante, mesmo para aqueles que não apresentam fatores de risco, fazer uma consulta com um neurologista. “A anamnese serve para também avaliarmos a necessidade dos exames mais detalhados e de imagens. Depois da quinta década de vida, acho conveniente fazer avaliações periódicas de três em três anos pelo menos”, sustenta.

O médico lembra que tão ou mais importante que o checape é a mudança de hábitos ou a manutenção de uma rotina saudável. “O tabagismo, a alimentação inadequada, a ingestão exagerada de álcool e o sedentarismo são atalhos para o AVC . Esses fatores precipitam qualquer doença, inclusive os males neurodegenerativos. Não adianta fazer checape e não mudar o estilo de vida. Não existe mágica”, decreta o especialista do Hospital Anchieta.

O aposentado Honório Miller, 82 anos, tem uma saúde de dar inveja a muitos jovens. Ativo e muito lúcido, ele é atento à boa alimentação, pratica atividades físicas e colhe os frutos de uma vida sem exageros. Apesar da idade, Honório até dirige. Os filhos, no entanto, ficaram preocupados com as vertigens que ele sentiu durante uma gripe e avaliaram que era hora de um exame detalhado do cérebro. “Ao que parece, está tudo bem. Ele não gostou muito da ideia do checape neurológico, insiste que não está doente. A mãe dele teve mal de Parkinson, achamos prudente fazer uma avaliação mais detalhada. Queremos que ele viva por muito tempo”, diz Nelsi Zuchelli, filha de Honório.


Um mal da idade

O mal de Alzheimer, doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é uma doença degenerativa atualmente incurável, mas que possui tratamento. Este permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família. Foi descrito, pela primeira vez, em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome. É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos. Atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos, mas sua prevalência aumenta com os anos, sendo de 6% aos 70; 30% aos 80 anos e mais de 60%, depois dos 90.

Fonte Correio Braziliense

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