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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Música incrementa o desempenho de diversas tarefas ao estimular neurônios

Ela está em todo lugar: na televisão, em vídeos da internet, no cinema e até mesmo no elevador. Além de divertida e prazerosa para os ouvidos, a música pode fazer bem para o cérebro de maneiras diferentes. Dois estudos americanos recentes sugerem que a atividade musical dos jovens pode ajudá-los a se tornar adultos mentalmente mais ativos e saudáveis. Os resultados indicam que a música estimula o cérebro de forma positiva.

Uma das pesquisas, realizada na Universidade do Kansas, comparou três grupos de 70 adultos saudáveis entre 60 e 83 anos: leigos, músicos com pouca atividade e aqueles que praticam muito e há bastante tempo. Os resultados de questionários e testes realizados mostraram que os músicos ativos se saem melhor em tarefas que exigem a memória espacial, a velocidade de raciocínio e a flexibilidade cognitiva. Um segundo estudo, da Universidade de Northwestern, investigou voluntários de meia idade que permaneceram musicalmente ativos durante a vida, comparando-os com não músicos da mesma faixa etária. Os resultados indicaram superioridade dos músicos em algumas áreas. Dessa vez, maior habilidade em detectar ruídos em ambientes barulhentos e memória auditiva mais afiada.

Os dois estudos sugerem que estudar música desde criança pode favorecer o cérebro a se manter ativo na velhice. Segundo o neuropediatra Carlos Nogueira Alcélio, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, isso acontece graças à plasticidade cerebral. Isso significa que o cérebro pode se modificar conforme a necessidade e as vivências, e estabelecer diferentes conexões entre suas células. “O cérebro é formado por neurônios, e os neurotransmissores fazem a comunicação entre eles. Quanto mais conexões, melhor”, diz.

Um desses neurotransmissores é chamado dopamina, substância estimulada pelo estudo da música. “A dopamina está relacionada às memórias visual e auditiva, à coordenação motora e à organização do espaço temporal”, explica Alcélio. Na infância e no início da adolescência, o cérebro ainda não está totalmente desenvolvido e, por isso, as crianças têm maior facilidade para aprender algo novo, como tocar um instrumento musical ou falar um segundo idioma. A dopamina está também relacionada à afetividade e à sensibilidade, elementos importantes para a dedicação musical.
Atenção Para o professor de Valério Martins, da Escola de Música Clave de Sol, além de uma paixão, a carreira foi uma terapia. A hiperatividade que tinha desde criança dificultava sua atenção às aulas. “Não conseguia ficar sentado durante uma hora para assistir a uma aula. Preferia estudar tudo sozinho, no meu tempo.” O gosto pela música o estimulou a se disciplinar. “Para aprender a tocar, você tem que parar, se sentar, analisar e se concentrar naquilo. O músico escuta os sons e os reconhece como se identificam as cores. Pintar o quadro exige atenção e concentração. Eu fui seduzido pela música e tive que melhorar”, diz. Para ele, que hoje vê os resultados nos jovens alunos a quem apresenta os sons e as notas, o importante é estar sempre aprendendo. “Quanto mais você sabe, mais você quer saber. Isso impede que você pare no tempo.”

O professor Hofmann Carvalho, 32 anos, se dedica à música há 25. Segundo ele, a disciplina é uma língua que deve ser ensinada nas escolas como qualquer idioma. Estimular os alunos, acredita, é o primeiro passo para que eles se interessem desde pequenos pela formação musical. Os exercícios de memória, sensibilidade e coordenação motora são os maiores benefícios, além do foco em uma atividade, na opinião de Carvalho. “No começo, a criança se concentra por menos tempo, mas isso vai mudando conforme o interesse.”

Mas isso não significa que os pais devam correr imediatamente para matricular as crianças em aulas de canto, violão ou piano. O professor de psicologia da Universidade Católica de Brasília Afonso Galvão alerta que a música não fará as crianças mais inteligentes, em relação àquelas que não tocam um instrumento. “O que acontece é uma transferência de aprendizagem. A música facilita o entendimento de outras disciplinas, mas apenas na fase inicial do aprendizado”, diz.

Para o professor, há um grupo de pessoas que defende o ensino da música para ajudar o desempenho em outras áreas. Mas ele lembra que apenas o estudo focado na atividade que se quer aprender é que dará maior compreensão daquela disciplina. “Não dá para fazer uma regra geral. Se você quer ser bom em matemática, tem que estudar matemática. A música é importante como atividade cognitiva complexa, mas deve ser estimulada nas escolas pela relevância da disciplina por si mesma”, defende

 Tchaikovsky, Brahms e Mozart são alguns dos compositores preferidos de Hayane Saatkamp, 20 anos. Violinista por metade da vida, Hayane atribui à música grande parte da sua educação. “A música envolve a pessoa, pois estamos sempre aprendendo e mudando”, acredita. Para ela, apesar de não ter influenciado diretamente no aprendizado de outras disciplinas escolares, a música a ajudou a ter mais foco, além de objetividade, para começar e terminar uma tarefa. Além disso, saber ouvir e prestar atenção expandiu seus horizontes. “A maior diferença que sinto é na maneira de ver a vida. Com a música, aprendi a querer conhecer mais o mundo.”

Fonte Correio Braziliense

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