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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

InCor testa novo tratamento para baixar pressão

O InCor (Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP) vai testar um novo tratamento para pacientes que não conseguem controlar a pressão arterial com medicamentos.

Segundo o cardiologista Luiz Bortolotto, diretor da Unidade de Hipertensão do InCor, a primeira pessoa deve ser submetida ao procedimento até o fim deste mês. Na fase inicial, 20 pacientes serão tratados.

A técnica usa um cateter inserido pela virilha que vai até a artéria renal. Lá, o aparelho emite ondas de alta frequência que fazem uma ablação ("queima") dos nervos que levam estímulos aos rins.

Esses nervos fazem parte do sistema nervoso simpático. Uma de suas funções é o controle da pressão arterial. Quando o volume do sangue aumenta, e também a pressão arterial, os estímulos desse sistema são inibidos e os rins eliminam água e sódio, reduzindo a pressão.

Em algumas pessoas, os estímulos do sistema simpático são hiperativos, e os rins não recebem a ordem de reduzir o volume de líquido em circulação.

Bortolotto afirma que condições como a apneia do sono (paradas respiratórias durante a noite) podem levar a uma hiperatividade do sistema simpático. "O estímulo acontece por causa da diminuição da oxigenação."

Quando o aparelho "queima" os nervos renais, é possível reduzir a pressão e o número de remédios que a pessoa tem de tomar por dia.

Em uma pesquisa publicada em 2010 na revista "Lancet", com 106 pessoas, 84% das que foram submetidas à nova técnica tiveram redução significativa da pressão.

Segundo Bortolotto, não há efeitos colaterais graves. "As complicações são as de qualquer cateterismo: hematomas, sangramento."

RESISTÊNCIA
A técnica só é aplicada em pessoas que não conseguem controlar a pressão mesmo usando mais de três medicamentos por dia. De acordo com o médico americano Thomas Lohmeier, professor da Universidade do Mississipi, os pacientes com hipertensão resistente são, em geral, obesos e mais velhos.

Lohmeier esteve no Brasil na semana passada, no Congresso Brasileiro de Hipertensão, no Guarujá (SP).

Como os aparelhos ainda estão em teste, diz o médico, ainda não dá para estimar o custo do tratamento. "Mas, sem controle, esses pacientes podem ter falência renal ou cardíaca, problemas cujo tratamento é muito caro", disse ele à Folha.

NÚMEROS
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 23% dos adultos sofrem de hipertensão. Ainda não se sabe exatamente qual é a proporção dos que têm hipertensão resistente. "Cerca de 10% dos pacientes não conseguem controlar a pressão.

Tomam três remédios por dia e não ficam abaixo de 14 por 9", diz Bortolotto.

O cardiologista faz parte da equipe que coordena um estudo, já em andamento, para saber quantos dos hipertensos sofrem dessa dificuldade. O objetivo é avaliar 2.000 pessoas em 27 centros no Brasil. A pesquisa tem financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.



Fonte Folhaonline

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